domingo, 24 de janeiro de 2016

O QUE FAZER COM 22% DE VOTOS?




(Numa noite eleitoral com muito de esperado compreende-se o discurso final de António Nóvoa mas a votação alcançada não pode deixar de ter consequências para o Partido Socialista)

Não deu segunda volta mas o António Nóvoa tem razões para se sentir retribuído com o resultado alcançado. Enfrentando uma comunicação social hostil para lá dos limites da decência, cuja reação é determinada sobretudo pela incomodidade que personalidades que brotam da sociedade civil sempre provocam a um jornalismo habituado às intrigas palacianas e aos rodriguinhos dos responsáveis pela comunicação de partidos e empresas, Sampaio da Nóvoa conseguiu furar esse muro da indiferença e do escárnio e maldizer e afirmar o seu pensamento. Não foi a sua votação de 22% e algo mais que foi responsável pela derrota do PS na sua abordagem presidencial. Foi antes o patético afundamento da candidatura de Maria de Belém que significou seguramente perda de votos na área socialista e terá engrossado a votação de Marcelo ou até a de Marisa Matias. A intervenção pública e de palanque de Vera Jardim talvez tenha sido o momento Zen do mais patético pós-eleitoral que há muito não se via na cena política nacional. O universo de apoiantes da cândida Belém no interior do PS mostrou uma vez mais que não entende o eleitorado a que se dirige. Continua a viver do passado político, do seu contributo para a instauração da democracia em Portugal, de nome e não de pensamento. O PS para resistir à crise da social-democracia europeia precisa muito mais e nesse muito mais está alguma da energia que se manifestou na candidatura de Sampaio da Nóvoa. Daí a minha interrogação de o que fazer com estes 22% e picos.

Até porque a votação do Bloco de Esquerda e de Marisa Matias (que continuo a considerar uma força da natureza) deve colocar o PS em atenta vigilância. A votação mostra que o BE é capaz de fixar eleitorado e o PS não está livre de ver fugir algum do seu eleitorado mais jovem para essa orientação.

Os tempos mais próximos vão precisar de um Marcelo fiel ao ideário que vincou no seu discurso de Estado na Faculdade de Direito. Espero sinceramente que 52% do eleitorado que disse presente não seja enganado. Tempos difíceis e turbulentos se avizinham. Seria bom que de Belém viesse moderação e influência coesiva.

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