segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

OS ABALOS DO PETRÓLEO



A drástica baixa do preço do petróleo é uma das marcas mais salientes da atual conjuntura económica mundial. O preço do barril, que ainda não há muito tempo andava bem acima dos 100 dólares, já desceu bem abaixo dos 30 e os analistas dividem-se sobre até onde esta queda poderá ir e sobre até que dimensão de nefastas consequências ela poderá levar-nos. Para uma melhor perceção do problema em presença, os gráficos acima ajudam-nos a contextualizá-lo no plano histórico (de registar que situações quantitativamente comparáveis só no distante e muito diverso período anterior ao primeiro choque petrolífero e em boa parte da década de 90 do século passado).

Mas o meu ponto hoje é outro, embora obviamente conexo. Trata-se de sublinhar a estreita relação existente entre o preço do petróleo e a lucratividade da sua exploração (muito função das bênçãos da geografia e da geologia) e os respetivos níveis de produção. Assim, e com recurso às duas infografias abaixo (ambas retiradas da revista “The Economist” e a segunda associada à possibilidade de uma interessante interatividade), vejam-se nomeadamente a gigantesca diferença dos preços de break-even da alguns dos grandes países produtores mundiais (entre os 10 dólares do Kuwait e os quase 70 da Nigéria ou dos Estados Unidos, p.e.) e a mesma gigantesca diferença de situações expressa pelo volume de reservas de exploração economicamente viável a nível mundial e dos principais países relevantes no setor (no caso para um preço do crude abaixo de 40 dólares). Três apontamentos finais: os países do Golfo são os únicos que conseguem uma exploração rentável abaixo dos 20 dólares de que nos estamos a aproximar a olhos vistos; a produção americana de shale oil está ainda largamente dependente de preços altos e assim se defronta presentemente com notórias dificuldades; verdadeiramente aflitos, apenas em graus necessariamente diversos devido à solidez relativa das economias em causa, estão os nossos irmãos angolanos e brasileiros ou a Venezuela, a Noruega e até a Rússia. Um mundo em que praticamente nada pode ser dado por adquirido...


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