Confesso que já sentia falta da macheza justiceira do discurso do poeta que insiste em querer considerar-se uma imaculada referência política do País. Senhor de um vozeirão de impor respeito, que lhe permite disfarçar a paupérrima dimensão da sua carreira na política e a sua má e datada preparação doutrinária, Manuel Alegre voltou a atacar durante o passado final de semana naquela sua velha e tão consagrada fórmula do “a mim... ninguém me cala!”. Desta vez apresentou-se para ajudar uma Maria de Belém em nítida perda – embora ninguém me tire da cabeça que também quis tirar desforço da decisão de Costa no sentido de o afastar do Conselho de Estado – e para tal não teve qualquer pejo em cair em contradição consigo próprio e em recorrer ao insulto antidemocrático que define os perdedores (“batota” e “general de aviário”, p.e.). Mas não é apenas Alegre que tem primado pela asneira ao lado de uma Belém sonsamente alheada (surpreendente esta faceta de Maria!), outros há com desempenhos bem pouco dignificantes ou simplesmente marcados pelo estrito e moribundo dogmatismo partidário – recordo-os nos bonecos da saudosa “Contra-Informação” quando, sob a liderança de “Toneca Guterres”, “Maria de Ninguém” já contracenava com “Manuel Triste”, “Almeida Secas”, “Jorge Coelhone”, “Bera Jardim” ou “João Só Ares” e já era voz corrente no aparelho puro e duro que “os independentes são muito imprevisíveis”. Quando tudo isto passar, o que poderá ficar de útil?
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