Eis o essencial de como o editor da prestigiada “Lex Column” do “Financial Times” explicou o ocorrido no nosso caso BES/Novo Banco, chamando-lhe muito sugestivamente “a tale of three bonds”.
O essencial pode ver-se nas figuras abaixo: um primeiro conjunto de obrigações ficou colocado do lado do “banco mau” e a sua cotação colapsou logo em agosto de 2014; um segundo conjunto de obrigações com maior senioridade passou para o “banco bom” e tem hoje uma aceitável cotação ponderada pelo risco em torno de 80 euros; um terceiro conjunto de obrigações passou igualmente para o “banco bom” em agosto de 2014 mas acabou transferido no final de 2015 para o “banco mau” por ordem do Banco de Portugal, provocando esta decisão (de facto, uma transferência de mil milhões de euros dos detentores dessas obrigações para o capital do Novo Banco) a imediata quebra absoluta da respetiva cotação.
O autor conclui (infografia mais abaixo) que assim se fez um picking losers de quem deveria ou não ser atingido ou poupado (violação da regra da igualdade de tratamento), que os contribuintes não foram afetados mas a um altamente provável custo alternativo/compensatório de aumento pelos mercados dos spreads dos juros da dívida do País e que a motivação básica daquela ação one-off poderá ter sido a de contornar os potenciais efeitos mais desastrosos decorrentes da entrada em vigor neste início de janeiro do mecanismo de resolução europeia única.
A narrativa tem os seus quês de pura verdade quanto os tem de excessivo simplismo. Mas tal não deixa de ser relativamente indiferente, já que no final do dia é ela que corresponde à “realidade” a que acedem os que nos encaram do exterior (quer porque acompanham de perto os mercados internacionais quer porque neles intervêm enquanto investidores)...
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