terça-feira, 17 de junho de 2014

BBBA

(Tão iluminados que eles eram!)


O post do colega Freire de Sousa sobre o Iraque antecipou um conjunto de ideias que germinaram na minha cabeça durante estes dias de repouso algarvio, amanhã interrompidos com uma ida à Gulbenkian para um workshop sobre políticas públicas.
É tempo para recordar os quatro mosqueteiros do apocalipse, Bush, Blair, Barroso e Aznar, que colocaram a Terceira no centro do mundo e que projetaram a fatídica invasão do Iraque.
Como a história nos ensina, sempre que iluminados ocidentais, oficiosos defensores da democracia e da liberdade, mas bem lá no fundo representantes de um conjunto de interesses económicos que se projetaram num Iraque livre do diabo Sadam, intervêm em sociedades que não compreendem e que não se regem pelos cânones institucionais das sociedades de mercado, temos uma espécie de toque de Midas no seu inverso, um toque de merda.
Incapazes de perceber que a transição de uma sociedade com as características do Iraque sob o domínio de Sadam, em que o conflito do sectarismo religioso se sobrepõe a tudo o resto, é longa e que quem nela intervém tem de estar preparado para um longo investimento de estabilização.
A emergência do islamismo radical no Iraque representa a falência deste iluminismo ocidental, que mais do que democracia só tem para oferecer a tais sociedades esfrangalhadas a lógica dos interesses materiais. Aznar, Bush, Blair e Barroso foram os representantes circunstanciais desse iluminismo, mas a área de recrutamento é ampla, muitos outros estarão disponíveis para exercer esse papel circunstancial.

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