(Tão iluminados que eles eram!)
O post
do colega Freire de Sousa sobre o Iraque antecipou um conjunto de ideias que
germinaram na minha cabeça durante estes dias de repouso algarvio, amanhã
interrompidos com uma ida à Gulbenkian para um workshop sobre políticas públicas.
É tempo para recordar os quatro mosqueteiros do
apocalipse, Bush, Blair, Barroso e Aznar, que colocaram a Terceira no centro do
mundo e que projetaram a fatídica invasão do Iraque.
Como a história nos ensina, sempre que iluminados
ocidentais, oficiosos defensores da democracia e da liberdade, mas bem lá no
fundo representantes de um conjunto de interesses económicos que se projetaram
num Iraque livre do diabo Sadam, intervêm em sociedades que não compreendem e
que não se regem pelos cânones institucionais das sociedades de mercado, temos
uma espécie de toque de Midas no seu inverso, um toque de merda.
Incapazes de perceber que a transição de uma
sociedade com as características do Iraque sob o domínio de Sadam, em que o conflito
do sectarismo religioso se sobrepõe a tudo o resto, é longa e que quem nela
intervém tem de estar preparado para um longo investimento de estabilização.
A emergência do islamismo radical no Iraque representa
a falência deste iluminismo ocidental, que mais do que democracia só tem para
oferecer a tais sociedades esfrangalhadas a lógica dos interesses materiais. Aznar,
Bush, Blair e Barroso foram os representantes circunstanciais desse iluminismo,
mas a área de recrutamento é ampla, muitos outros estarão disponíveis para
exercer esse papel circunstancial.
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