Tenho de confessar que nunca como hoje vi um jogo
da seleção tão distendido, a páginas tantas quase convencido que mais valia
ceder um golo ao Gana para afastar os “gringos treinados por um boche” dos
oitavos.
A hipervalorização do nosso potencial é tão
acirrada e desproporcionada que precisamos regularmente destas catarses para
recentrar a perceção do que valemos e construir de novo. O problema é que a
hipervalorização é recorrente e surgirá por aí no próximo evento, ou seja, se a
qualificação para o Europeu nos correr bem.
Por isso, descida à terra, mas também evidência
do princípio de Peter. Quando um selecionador invoca que temos de ser
homenzinhos para ultrapassar situações, está tudo dito, sobretudo quando ele próprio
contribuiu para a sacralização da tal hipervalorização do “nós” subestimando
claramente a seleção alemã. A falta de potência futebolística, sobretudo
ofensiva, era demasiado evidente. A periferia do sul da Europa está
praticamente toda fora dos oitavos, incluindo a não periférica Itália,
valendo-nos a Grécia e o Engenheiro Santos para salvar a honra dos que sofrem
com a austeridade.
E se outra evidência não houvesse para mostrar o
mundo louco dos artistas da bola, o exemplo do talento de Luís Suarez e a sua
propensão para a indisciplina mais inesperada é talvez a melhor imagem dessa
loucura.
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