segunda-feira, 2 de junho de 2014

O MUTANTE



Que o tempo político, sobretudo o da destruição de posições, tem ritmos prodigiosos já o sabia, basta incorporar evidências. Mas que um líder político possa num ápice, ou seja numa semana, passar de sobrevitorioso proclamando uma dimensão de ganhos que ninguém percebeu existir, a uma postura de salvação nacional ditada pela reação à decisão do Tribunal Constitucional, quedando-se finalmente por uma posição de Calimero injustiçado, vitimizado pela má vontade de comentadores e de uma imprensa cabalisticamente orquestrada para o destruir, tenho dificuldade em encontrar no passado uma réplica. E não contente com tão rápida mutação ainda propõe uma solução de coelho da cartola, as primárias, sugere a possibilidade de liderança bicéfala, mas depois permite que a direção do partido esclareça que ela não é possível, pois demite-se com uma eventual derrota nas primárias. A partir daí, o Calimero injustiçado transforma-se no hábil esgrimista dos estatutos.
Um espanto de mutante.

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