A Seleção projeta bem a difícil relação dos
Portugueses com a sua real dimensão, de que Eduardo Lourenço tão bem nos fala. Temos
de facto historicamente uma complexa dificuldade de nos remetermos à nossa exígua
dimensão, acabada que foi a ilusão do Império. Assim, pede-se à Seleção, mais fruto
de uma imprensa desejosa de fabricar uma ilusão nacional, com ou sem
bandeirinhas à janela, muito mais do que a dimensão do País justificaria. Basta
pensar nas cenas rocambolescas e mafiosas que rodearam as eleições na Liga de
Clubes para compreender como é patética a carga de esperança que se deposita na
Seleção. Basta de facto recordar as criaturas que se perfilaram inicialmente
nas eleições da Liga para intuirmos a dimensão intrínseca do nosso potencial
futebolístico. O desastre de gestão que Mário de Figueiredo é, o ar cavernoso
de fora da lei de Rui Alves e a peninha vacilante de um Fernando Seara que
finalmente expõe a sua incomensurável incompetência só oculta pela cumplicidade
entre o mundo da política ilustram melhor do que outra coisa a ilusão das
esperanças depositadas numa Seleção que é o reflexo disto tudo.
Hoje tivemos disso tudo.
Minorcas, que são ainda a expressão recôndita de insuficiências
do passado.
Perturbados, que não aguentam a desproporcionada
pressão que sobre eles recai e que espirram ao menor estímulo para o disparate.
E finalmente o fadinho, a injustiça que pesa
sempre para os mais fracos, as lesões que expõem as debilidades de composição
do grupo.
Tudo isto potenciado por uma Alemanha que não
brinca em serviço e que apresenta cada vez menos um futebol do tipo apenas físico
e que tem artistas de primeira.
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