Cada vinheta de Erlich no El País parece interpelar-nos com o seu fino humor, provavelmente a
pensar numa Espanha também na encruzilhada, mas projetando-se a preceito nas
interrogações cá do burgo.
A vinheta de hoje percorre-nos sarcástica e conduz-me a
um tema crucial do debate político e social que deveríamos estar a promover. Todo
o bicho careta afirma compromissos perante o futuro, nunca tanto se invocou o
futuro sem para ele propor qualquer saída coerente, mas todos falham em propor
uma estratégia de transição a partir do presente. Chama-se estratégia de
transição a uma qualquer proposta de transformação (gradual ou mais radical)
das maleitas do presente visando atingir um futuro mais sustentável. Exige, por
isso, uma estratégia inscrita no tempo, não predeterminada como é óbvio, mas
que apresente aos portugueses uma ideia de transformação progressiva que dê
sentido ao superar das dificuldades.
Vem isto a propósito do documento “Um contributo para o Debate Público em torno da Dívida Pública” de
autoria de Paulo Trigo Pereira, Ricardo Cabral, Ricardo Paes Mamede e de
Emanuel Santos, apresentado na Assembleia da República. É um texto honesto, que
não ignora os problemas e sobretudo tem a virtude de situar o lirismo do
Documento de Estratégia Orçamental em termos comparativos com a performance
nacional e europeia que este exigiria.
É com contributos desta natureza que pode construir-se
uma estratégia de transição.
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