sexta-feira, 27 de junho de 2014

UM NOVO REITOR



Após umas eleições que deixaram muito a desejar em termos de visibilidade e ambição dos projetos em confronto, tomou hoje posse o novo Reitor da Universidade do Porto, Professor Sebastião Feyo de Azevedo, consagrando de novo o peso da Faculdade de Engenharia do Porto nos destinos da instituição, facto que não constitui para mim nenhum fator de estranheza. É de facto a unidade orgânica mais viva da Universidade, apesar da debandada por efeito de reformas antecipadas ou em tempo real de parte significativa da massa cinzenta que assegurou a progressão da instituição em democracia.
Não conheço pessoalmente o novo Reitor, limitando a minha informação ao conhecimento de algumas das suas intervenções públicas em seminários e conferências e a testemunhos de alguns amigos ainda no ativo na Faculdade de Engenharia. Sebastião Feyo de Azevedo é segundo essas informações um homem dotado de competências de gestão que não é vulgar identificar em instituições universitárias e fez jus a essa característica quando, interpelado por uma jornalista, afirmou que pior do que a escassez ou a oscilação de verbas de financiamento era a falta de autonomia das Universidades e a série de constrangimentos e barreiras com que a sua gestão tem de confrontar-se, mesmo no caso das Fundações como a Universidade do Porto.
Compreendo as declarações e subscrevo-as em absoluto, quando estamos perante uma verdadeira fraude quanto à pretensa autonomia universitária. Mas de acordo com conversas que tenho mantido com colegas que estariam dispostos a bater-se por um sentido mais estratégico da intervenção da Universidade, a Universidade do Porto vivia recentemente num deserto de ideias quanto ao sentido estratégico mais profundo da sua intervenção na Região, no País e no Mundo, pois os três patamares estão cada vez interligados entre si. E não faltam, ilustrativamente, matérias e dossiers sobre os quais se pedem estratégia e ideias consistentes à Universidade do Porto: que dinâmica prolongar no seu Parque de Ciência e Tecnologia (PCT)? Que projeto para o Pólo do Mar desse PCT instalado no terminal de cruzeiros em construção no Porto de Leixões e nas instalações norte da APDL? Que ideias tem a Universidade do Porto para a Porto Business School: permitir que o projeto se transforme de vez num brinquedo para Belmiro de Azevedo ou reforçar os laços com a Universidade? Que plataformas de interdisciplinaridade e cooperação efetiva entre as unidades orgânicas está a UP interessada em promover? Que dinamismo está disposta a assumir na estruturação do sistema regional de inovação Norte?
A resposta a estes desafios não exigirá apenas capacidade de gestão, mas antes liderança, visão estratégica e sobretudo capacidade de desenvolvimento de um projeto que permita às diferentes unidades orgânicas contribuir cooperativamente para o seu desenvolvimento. A presença na equipa do amigo e antigo colega da FEP, Professor Pedro Teixeira, é um aspeto promissor.

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