Após umas eleições que deixaram muito a desejar
em termos de visibilidade e ambição dos projetos em confronto, tomou hoje posse
o novo Reitor da Universidade do Porto, Professor Sebastião Feyo de Azevedo,
consagrando de novo o peso da Faculdade de Engenharia do Porto nos destinos da
instituição, facto que não constitui para mim nenhum fator de estranheza. É de
facto a unidade orgânica mais viva da Universidade, apesar da debandada por
efeito de reformas antecipadas ou em tempo real de parte significativa da massa
cinzenta que assegurou a progressão da instituição em democracia.
Não conheço pessoalmente o novo Reitor, limitando
a minha informação ao conhecimento de algumas das suas intervenções públicas em
seminários e conferências e a testemunhos de alguns amigos ainda no ativo na
Faculdade de Engenharia. Sebastião Feyo de Azevedo é segundo essas informações
um homem dotado de competências de gestão que não é vulgar identificar em
instituições universitárias e fez jus a essa característica quando, interpelado
por uma jornalista, afirmou que pior do que a escassez ou a oscilação de verbas
de financiamento era a falta de autonomia das Universidades e a série de
constrangimentos e barreiras com que a sua gestão tem de confrontar-se, mesmo
no caso das Fundações como a Universidade do Porto.
Compreendo as declarações e subscrevo-as em
absoluto, quando estamos perante uma verdadeira fraude quanto à pretensa
autonomia universitária. Mas de acordo com conversas que tenho mantido com
colegas que estariam dispostos a bater-se por um sentido mais estratégico da
intervenção da Universidade, a Universidade do Porto vivia recentemente num
deserto de ideias quanto ao sentido estratégico mais profundo da sua intervenção
na Região, no País e no Mundo, pois os três patamares estão cada vez interligados
entre si. E não faltam, ilustrativamente, matérias e dossiers sobre os quais se
pedem estratégia e ideias consistentes à Universidade do Porto: que dinâmica prolongar
no seu Parque de Ciência e Tecnologia (PCT)? Que projeto para o Pólo do Mar
desse PCT instalado no terminal de cruzeiros em construção no Porto de Leixões
e nas instalações norte da APDL? Que ideias tem a Universidade do Porto para a Porto Business School: permitir que o
projeto se transforme de vez num brinquedo para Belmiro de Azevedo ou reforçar
os laços com a Universidade? Que plataformas de interdisciplinaridade e
cooperação efetiva entre as unidades orgânicas está a UP interessada em
promover? Que dinamismo está disposta a assumir na estruturação do sistema
regional de inovação Norte?
A resposta a estes desafios não exigirá apenas
capacidade de gestão, mas antes liderança, visão estratégica e sobretudo
capacidade de desenvolvimento de um projeto que permita às diferentes unidades orgânicas
contribuir cooperativamente para o seu desenvolvimento. A presença na equipa do amigo e antigo colega da FEP, Professor Pedro Teixeira, é um aspeto promissor.
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