À medida que se vão sucedendo os jogos da Copa
mais se me vai enraizando a ideia de que Portugal era fisicamente a seleção
pior preparada que se apresentou no Brasil e não vejo ninguém a interrogar-se
sobre as razões que determinaram essa insuficiência física.
Com esta azáfama de jogos e face à qualidade do
que tenho visto a televisão é uma prisão sedutora que tem penalizado o tempo
disponível para o blogue.
Por essa razão, limito-me hoje a sinalizar um
tema que está no coração do debate das razões do fraco crescimento do mundo
ocidental mais desenvolvido. Esse tema é designado de o enigma ou o puzzle da produtividade e tem algumas dimensões
a que me dedicarei em próximas crónicas. Tendo por base o Reino Unido, alguns economistas
têm sublinhado o fraco ritmo de crescimento da produtividade que tem
caracterizado a recuperação da economia britânica. No caso dos EUA, a
perspetiva é mais de longo prazo e discute as razões do crescimento da
produtividade americana ter descido de uma tendência histórica em torno dos 2%
ao ano para um valor bem mais baixo de cerca de 1%.
No caso do Reino Unido, o principal argumento que
tem surgido é o do clima de baixos salários que tem dominado a recuperação britânica.
Do ponto de vista dinâmico, essa propensão para os baixos salários significa
opções tecnológicas menos favoráveis ao crescimento da produtividade,
beneficiando a curto prazo o emprego mas penalizando-o a longo prazo na medida
em que penaliza a produtividade e o crescimento.
O gráfico que abre o post constitui uma boa introdução ao tema: a variável medida é o
peso dos assalariados envolvidos em salários baixos. Não sem surpresa, Reino Unido
e Estados Unidos surgem em 2010 com as quotas mais elevadas desses
trabalhadores. Surpreendentemente, Portugal resistia bem em 2010 a essa variável,
situando-se junto das economias escandinavas. De 2010 a 2013, a situação deve
ter-se alterado e ai está outra perspetiva sobre os efeitos na economia
portuguesa do pós 2010.
Para análises futuras.
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