segunda-feira, 30 de junho de 2014

O ENIGMA DA PRODUTIVIDADE (I)



À medida que se vão sucedendo os jogos da Copa mais se me vai enraizando a ideia de que Portugal era fisicamente a seleção pior preparada que se apresentou no Brasil e não vejo ninguém a interrogar-se sobre as razões que determinaram essa insuficiência física.
Com esta azáfama de jogos e face à qualidade do que tenho visto a televisão é uma prisão sedutora que tem penalizado o tempo disponível para o blogue.
Por essa razão, limito-me hoje a sinalizar um tema que está no coração do debate das razões do fraco crescimento do mundo ocidental mais desenvolvido. Esse tema é designado de o enigma ou o puzzle da produtividade e tem algumas dimensões a que me dedicarei em próximas crónicas. Tendo por base o Reino Unido, alguns economistas têm sublinhado o fraco ritmo de crescimento da produtividade que tem caracterizado a recuperação da economia britânica. No caso dos EUA, a perspetiva é mais de longo prazo e discute as razões do crescimento da produtividade americana ter descido de uma tendência histórica em torno dos 2% ao ano para um valor bem mais baixo de cerca de 1%.
No caso do Reino Unido, o principal argumento que tem surgido é o do clima de baixos salários que tem dominado a recuperação britânica. Do ponto de vista dinâmico, essa propensão para os baixos salários significa opções tecnológicas menos favoráveis ao crescimento da produtividade, beneficiando a curto prazo o emprego mas penalizando-o a longo prazo na medida em que penaliza a produtividade e o crescimento.
O gráfico que abre o post constitui uma boa introdução ao tema: a variável medida é o peso dos assalariados envolvidos em salários baixos. Não sem surpresa, Reino Unido e Estados Unidos surgem em 2010 com as quotas mais elevadas desses trabalhadores. Surpreendentemente, Portugal resistia bem em 2010 a essa variável, situando-se junto das economias escandinavas. De 2010 a 2013, a situação deve ter-se alterado e ai está outra perspetiva sobre os efeitos na economia portuguesa do pós 2010.
Para análises futuras.

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