quinta-feira, 19 de junho de 2014

É BONITA A TUA FESTA, PÁ!


Francisco Buarque de Hollanda, esse grande nome da música popular brasileira que é conhecido por Chico Buarque, completa hoje 70 anos. Um evento que seguramente pareceria mal que não fosse aqui registado. Por muito que seja difícil acrescentar algo à memória de tantas e tantas das suas composições e palavras – de “A Banda” a “Com Açucar, Com Afeto”, de “Roda Viva” a “Cálice”, de “A Minha História” a “Valsinha”, de “Pedaço de Mim” a “Eu Te Amo”, de “Construção” a “Fado Tropical”, de “Tanto Mar” a “Mulheres de Atenas”, de “O Que Será” a “Géni e o Zepelin”, de “João e Maria” a “Apesar de Você”, de “Vai Passar” a “Sinhá”. E por aí adiante...

Mas para quê inventar mais se está na rede a eloquente mensagem que Caetano Veloso dirigiu ao seu amigo. E que diz assim: “O Brasil é capaz de produzir um Chico Buarque: todas as nossas fantasias de autodesqualificação se anulam. Seu talento, seu rigor, sua elegância, sua discrição são tesouro nosso. Amo-o como amo a cor das águas de Fernando de Noronha, o canto do sotaque gaúcho, os cabelos crespos, a língua portuguesa, as movimentações do mundo em busca de saúde social. Amo-o como amo o mundo, o nosso mundo real e único, com a complicada verdade das pessoas. Os arranha-céus de Chicago, os azeites italianos, as formas-cores de Miró, as polifonias pigmeias. Suas canções impõem exigências prosódicas que comandam mesmo o valor dos erros criativos. Quem disse que sofremos de incompetência cósmica estava certo: disparava a inevitabilidade da virada. O samba nos cinejornais de futebol do Canal 100, Antônio Brasileiro, o Bruxo de Juazeiro, Vinicius, Clarice, Oscar, Rosa, Pelé, Tostão, Cabral, tudo o que representou reviravolta para nossa geração foi captado por Chico e transformado em coloquialismo sem esforço. Vimos melhor e com mais calma o quanto já tínhamos Noel, Haroldo Barbosa, Caymmi, Wilson Batista, Ary, Sinhô, Herivelto. A Revolução Cubana, as pontes de Paris, o cosmopolitismo de Berlim, o requinte e a brutalidade de diversas zonas do continente africano, as consequências de Mao. Chico está em tudo. Tudo está na dicção límpida de Chico. Quando o mundo se apaixonar totalmente pelo que ele faz, terá finalmente visto o Brasil. Sem o amor que eu e alguns alardeamos à nossa raiz lusitana, ele faz muito mais por ela (e pelo que a ela se agrega) do que todos nós juntos.” Disse, está dito!

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