Razões de vária ordem explicam que não tivesse tido ainda a oportunidade de passar por Serralves para disfrutar das duas magníficas exposições em curso, as quais já têm claramente a diferenciadora impressão digital de Suzanne Cotter.
É certo que voltei a ter o privilégio de uma visita guiada conduzida pela própria, na sempre insubstituível companhia do amigo Bruce, mas são imperdíveis quer a exposição por ela comissariada (“Histórias: Obras da Coleção de Serralves”) – assinalando o 15º aniversário do Museu e propondo uma nova reflexão sobre a Coleção e a criação artística no século XXI, com incursões pela pintura, pela fotografia, pelo filme, pela escultura e pela performance – quer a surpreendente e fascinante exposição de Mira Schendel (1919-1988), uma artista nascida em Zurique e emigrada para o Brasil em 1949 e por lá radicada desde então, apresentada por via de uma associação com duas reputadíssimas entidades organizadoras (a Tate Modern de Londres, onde a exposição já passou com enorme sucesso, e a Pinacoteca do Estado de São Paulo, para onde vai quando encerrar por cá no dia de S. João).
Tratando-se, neste último caso, de um dos mais importantes nomes da arte contemporânea latino-americana – Tanya Barson, a curadora da Tate Modern, sustenta que “Mira Schendel funda um paradigma alternativo na arte brasileira, que se tornará depois muito influente para várias gerações de artistas, sobretudo a partir da década de 1980” – e de uma retrospetiva bastante completa (em torno de duzentas obras) de uma autora ainda razoavelmente pouco conhecida por cá, quero muito sublinhar junto de todos quantos ainda o não fizeram que devia ser liminarmente proibido não darem um salto a Serralves por estes dias...
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