quarta-feira, 11 de junho de 2014

PALAVRAS SÁBIAS

(Joan Violet Robinson, 1903-1983)


Via Barry Ritholz no Bloomberg View, recordo as palavras sábias da economista de Cambridge (UK) Joan Violet Robinson:
The purpose of studying economics is not to acquire a set of ready-made answers to economic questions, but to learn how to avoid being deceived by economists. (Estudamos economia não para adquirir um conjunto formatado de respostas a questões económicas, mas antes para aprender a não sermos enganados pelos economistas)”.
Estas palavras de Joan Robinson ajustam-se como uma luva aos desafios que interpelam hoje a economia e os que a praticam segundo diferentes estatutos ou perspetivas. Nunca como hoje o estatuto da ciência económica foi utilizado para impor aos cidadãos soluções com a ajuda de uma pretensa aura de cientificidade. Umas vezes porque os seus produtores assumem um papel ativo nessa transmissão. Outras vezes por omissão segundo o modelo “utilize mas não me comprometa”. Mas, felizmente, há quem também utilize esse estatuto de produtor da ciência para contrariar tal aproveitamento. Afinal, o que a ciência económica nos dá na sua diversidade é condições para pensar se estamos a ser enganados.
Por outro lado, não é sem uma ponte de memória afetiva que o nome de Joan Robinson é puxado para este post. Os escritos de Robinson e de toda a escola de Cambridge (UK) foram companhia preciosa para estudar criticamente o então mainstream económico, chamado a ensiná-lo, leal mas criticamente. Essa orientação de rigor crítico foi sendo cada vez mais difícil disseminá-lo para camadas de jovens com uma conceção demasiado utilitarista da formação universitária. E mais do que as imprecisões da não linguagem de que fala Krugman e que foram bem invocadas pelo meu colega de blogue, o que me apoquentou no último período da minha prática docente foi essa falta de motivação para a crítica, ou seja, uma insensibilidade para o engano dos economistas. Como nós pressentimos à distância a cultura das jotas nos jovens universitários. Imagino que, hoje, o nome de Joan Robinson para um estudante de macroeconomia deve ser algo de similar a um extra-terrestre, difícil de encaixar nas fichas de memorização.

Sem comentários:

Enviar um comentário