(Joan Violet Robinson, 1903-1983)
Via Barry Ritholz no Bloomberg View, recordo as
palavras sábias da economista de Cambridge (UK) Joan Violet Robinson:
“The purpose of studying
economics is not to acquire a set of ready-made answers to economic questions,
but to learn how to avoid being deceived by economists. (Estudamos economia não para adquirir um conjunto
formatado de respostas a questões económicas, mas antes para aprender a não sermos
enganados pelos economistas)”.
Estas palavras
de Joan Robinson ajustam-se como uma luva aos desafios que interpelam hoje a
economia e os que a praticam segundo diferentes estatutos ou perspetivas. Nunca
como hoje o estatuto da ciência económica foi utilizado para impor aos cidadãos
soluções com a ajuda de uma pretensa aura de cientificidade. Umas vezes porque
os seus produtores assumem um papel ativo nessa transmissão. Outras vezes por
omissão segundo o modelo “utilize mas não me comprometa”. Mas, felizmente, há
quem também utilize esse estatuto de produtor da ciência para contrariar tal
aproveitamento. Afinal, o que a ciência económica nos dá na sua diversidade é
condições para pensar se estamos a ser enganados.
Por outro
lado, não é sem uma ponte de memória afetiva que o nome de Joan Robinson é
puxado para este post. Os escritos de
Robinson e de toda a escola de Cambridge (UK) foram companhia preciosa para
estudar criticamente o então mainstream
económico, chamado a ensiná-lo, leal mas criticamente. Essa orientação de rigor
crítico foi sendo cada vez mais difícil disseminá-lo para camadas de jovens com
uma conceção demasiado utilitarista da formação universitária. E mais do que as
imprecisões da não linguagem de que fala Krugman e que foram bem invocadas pelo
meu colega de blogue, o que me apoquentou no último período da minha prática
docente foi essa falta de motivação para a crítica, ou seja, uma
insensibilidade para o engano dos economistas. Como nós pressentimos à distância
a cultura das jotas nos jovens universitários. Imagino que, hoje, o nome de
Joan Robinson para um estudante de macroeconomia deve ser algo de similar a um
extra-terrestre, difícil de encaixar nas fichas de memorização.
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