Um fim de semana largamente arredado deste espaço por força de uma “peregrinação” em modo abreviado – nem a pé, nem a cavalo, nem de bicicleta, mas sim de autocarro e com comida e bebida em boa quantidade e qualidade – pelos caminhos de Santiago e com o incontornável Joel Cleto ao comando das principais escolhas e considerações explicativas. Apesar de uma irritante e dominante chuva, dois longos mas oxigenantes dias!
Poupo os leitores à evocação dos variadíssimos detalhes histórico-culturais em torno e fico-me por alguns breves destaques. Primeiro, e reportando-me ao território português: o simbólico albergue localizado numa simpática vila do concelho da Póvoa de Varzim cujo nome homenageia o primeiro bispo de Braga, S. Pedro de Rates – duas menções muito especiais, uma à desinteressada e meritória dedicação dos voluntários e outra ao enorme peso dos peregrinos com origem alemã (aliás avaliados como “muito boa gente”, para que não paguem os justos pelos pecadores); a promessa pelo amigo Herculano de um próximo galo assado no seu (e das irmãs) já célebre Restaurante da Pedra Furada (Barcelos) e, por falar em morfes, uma nota sobre o arroz de sarrabulho do Encanada (Ponte de Lima), que continua a ser digno dos maiores encómios; oportunidade ainda para associar a figura de S. Cristóvão aos “Caminhos” (igreja matriz), como depois as de S. Roque (Rubiães, Paredes de Coura) e S. Teotónio (Valença).
Em relação ao território espanhol, passagens particularmente interessantes por Padrón (a ver se as moedas retidas pela pedra/altar onde teria aportado a barca com o corpo de Santiago cumprem a função que a tradição lhes atribui!) e Pontevedra (santuário da “Virgem Peregrina”) e centralidade estabelecida em Compostela (queimada galega com leitura do “Esconxuro” no belíssimo Café Casino, reconhecimento exterior à volta da Catedral com enfoque nas Prazas do Obradoiro e de Praterías, visita interior com o inevitável abraço à imagem em prata do santo no alto do altar-mor da igreja e saliência para a capela primitiva e o Pórtico da Glória, deambulações pelas ruas envolventes com tapas e cañas à mistura nas respetivas tabernas, com a mais bem batizada a ser, inquestionavelmente, aquela que se anuncia como “O Bandullo do Lambón”).
Contas finais, e por muito que a atratividade das histórias e lendas que o Joel tão bem relata/desvenda possa ter acabado por ficar em perda perante a positivista vertente dos factos e documentos que também lhe cabe referenciar, uma excelente incursão galega que nem os inesperados ciúmes de Pedro em relação a Tiago conseguiram sequer beliscar...
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