sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A CRESCENTE INCERTEZA DO CRESCIMENTO


O frio que ameaça vir da China está muito longe do fim. Há mesmo muito boa gente a sustentar convictamente a ideia de que de lá virá algo que poderá enregelar quaisquer perspetivas moderadamente otimistas para a economia mundial. Nesse quadro, dois analistas do italiano “Unicredit” (Marco Valli e Edoardo Campanella) realizaram recentemente um interessante stress test à Zona Euro (ZE) sobre o impacto acumulado que a mesma sofreria em caso de uma forte desaceleração da procura interna e do crescimento chinês nos próximos cinco anos, i.e., procederam à comparação de um cenário-base de moderada quebra do crescimento da China (em torno de 6%) com uma hipótese de maior redução do crescimento de 7% para 3% até 2020.

A metodologia utilizada centra-se na eleição de um canal de transmissão via comércio externo (que privilegia a importância da China como grande importador mundial e como player relevante nas cadeias de valor globais), embora não iluda também a consideração da eventual produção de mudanças nos mercados financeiros provocadas por aquele decréscimo. O resultado obtido evidencia que, em 2020, o nível do PIB da ZE ficaria entre 1% e 2% abaixo do cenário moderado (queda diferencial que se aproximaria dos 3,5% em termos de PIB mundial), sendo todavia de registar que o impacto poderia ser bastante significativo para o país que vem funcionando como principal “motor” do crescimento europeu: a Alemanha poderia perder uns acrescidos 2-3%, o que não deixaria de se repercutir muito negativamente sobre a ZE em termos indiretos.

Ou seja, e trocando a coisa por miúdos quanto ao que mais nos toca: o mundo não está para grandes experiências/aventuras nem para conversas/ilusões eleitoralistas, precatai-vos que Draghi não vai durar sempre!



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