segunda-feira, 21 de setembro de 2015

PRELIMINARES ELEITORAIS VI




(As sondagens acumulam-se e as dúvidas de rejeição absoluta da maioria também …)

Não sou especialista em sondagens, leio atentamente o Pedro Magalhães e as suas advertências sobre a interpretação que deveremos aos números publicados e sigo com atenção o sítio WEB que acumula informação sobre sondagens, procurando as tendências mais pesadas. Não tenho qualquer outra informação sobre quaisquer outras sondagens não publicadas. Com todas estas limitações e situando-nos na perspetiva de um eleitor médio que é sensível às dinâmicas de vitória que gosta de partilhar, temos de convir que é difícil encontrar nesta profusão de sondagens um sinal de conforto para as pretensões de António Costa. Claro que na Grécia também havia supostamente empate técnico e o SYRIZA ganhou com cerca de 7 pontos percentuais de vantagem, tendo perdido apenas um deputado. E a última sondagem da Intercampus para o Público mantém a diferença favorável à coligação no limiar da margem de erro. E os próprios números podem atiçar o voto útil no PS. Tudo isso pode ser invocado. Mas que a coisa está preta para os lados do PS, está e mesmo escura.

Para mim, um dos buracos em que António Costa se colocou pode ser assim descrito. Sem ter apresentado qualquer reforma incómoda para o eleitorado da segurança social e com a coligação embrulhada numa grande confusão sobre cortes ou não cortes da segurança social, o PS conseguiu com a sua “criatividade” de descida da TSU dos trabalhadores com menos de 60 anos para gerar um choque de procura conseguiu ser apanhado em contramão como se tivesse apresentado uma grande reforma e incómoda para a segurança social. Simplesmente notável. E tudo porque não resistiu à tentação das medidas sociais “means tested”, isto é, sujeitas à verificação da condição de recursos, sem as explicitar devidamente para poder ser apreendido o seu alcance em termos de eficácia redistributiva. Simplesmente notável num programa que pretende reivindicar-se de sensibilidade social. Como já aqui sublinhei uma vez, as medidas “means tested” têm um lastro complicado de utilização por parte de governos de direita liberal e conservadora. Por isso, a sua utilização exige uma eficaz explicação dos limiares que vão ser utilizados para a condição de recursos.

Com táticas destas, de jogo para trás em direção ao autogolo, começo a compreender os resultados das sondagens, pressupondo que não há um daqueles falhanços monumentais que nos darão alguma satisfação na noite do dia 4. É de facto impressionante como um programa com alguma coerência face a uma mão cheia de nada por parte da coligação se torna vulnerável apenas pelo facto de não haver uma cuidada avaliação política do que é proposto.

Não queria antecipar o pior e espero que o meu alarmismo analítico seja vencido pela dinâmica de terreno até ao dia 4. Mas, pelo sim, pelo não, terei uma bebida bem forte, preparada e à mão para combater a desilusão.

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