sábado, 26 de setembro de 2015

POR ONDE ANDAMOS...

(cartoon em Cristiano Salgado, http://expresso.sapo.pt)

A primeira semana de campanha eleitoral foi pródiga em minudências e não assuntos. Mas também conheceu, ainda que a espaços, alguns momentos informativos e esclarecedores. De entre eles destaco os dois que abrem este post.

O primeiro tem a ver com mais uma inequívoca confirmação de que a economia portuguesa convive mal com a aproximação de eleições – segundo dados divulgados na quarta-feira pelo INE, o défice orçamental atingiu 4,7% do PIB no final do primeiro semestre de 2015, um valor bem superior à meta de 2,7% estabelecida pelo Governo para a totalidade do ano; logo a UTAO, numa nota rápida, viria alertar para que “o resultado orçamental do primeiro semestre coloca em risco o cumprimento do objectivo anual para o défice [calculando que o défice não possa exceder os 0,9% no segundo semestre para cumprir a meta deste ano e explicando que um tal desempenho orçamental na segunda metade do ano ‘não encontra paralelo nos resultados orçamentais alcançados em anos anteriores’, com a agravante de ter de ocorrer ‘num período em que ocorre uma mudança de ciclo legislativo’] e poderá comprometer o encerramento do Procedimento dos Défices Excessivos [sublinhando que ‘para que o défice orçamental se situe abaixo do valor de referência de 3,0% do PIB, será necessário que o défice no segundo semestre seja inferior a 1,4% do PIB’]” e realçando ainda que aquele défice registado “representa cerca de 84% do défice total projetado para o conjunto do ano e aproximadamente 80% do défice ajustado de medidas extraordinárias”.

O segundo poderá vir a marcar o próximo futuro político em Portugal. Com efeito, e caso a coligação de direita não vença a contenda eleitoral com maioria absoluta, há quem anteveja um António Costa a puxar do melhor de si próprio em termos negociais para conseguir formar um governo com o necessário apoio parlamentar à sua esquerda. Não seria certamente fácil, e tudo passaria a médio prazo por uma economia que aguentasse o balanço, mas os cenários políticos ganhariam em renovação o que perderiam em estabilidade – ou seria só em paz podre?

Sem comentários:

Enviar um comentário