(Réplicas
em torno da decisão do FED da passada quinta feira)
A votação dos membros da FOMC do FED-USA na
passada quinta-feira provocou uma reação de sobressalto nos mercados de ações,
com descidas dos índices S&P 500, Nikkei e FTSE-Eurofirst. Para essa reação
muito contou o facto de se ter registado uma votação significativa (9 para 1)
da decisão de não mexer na taxa de referência do banco central. A divisão entre
pombas e falcões no FOMC parece ter-se esbatido, com alguns falcões a
transformarem-se em pombas ou então, julgam os analistas, há fatores
representativos a determinar a sua mudança de opinião.
Os analistas tentaram compreender a decisão, mergulhando fundo no texto que
o FED publicou e relendo a conferência de imprensa de Janet Yellen. Pelo que
fui seguindo das réplicas jornalísticas que se foram produzindo, há uma frase
(argumento) que foi destacada do texto e que muito impressionou os analistas de
mercado: “Desenvolvimentos económicos e financeiros recentes
da economia global podem restringir de algum modo a atividade económica e podem
acrescentar provavelmente uma pressão descendente à inflação no futuro próximo”.
No fundo o que o FED vem dizer é que está preocupado com o comportamento da
economia global e com a perda de vigor das economias emergentes, com a China à
cabeça dessas preocupações. John Auters, no Financial Times, analisa a
curiosidade das duas maiores economias do mundo estarem condenadas ao
perspetivar o comportamento da outra para definirem a sua política monetária. O
que não deixa de ser aparentemente surpreendente na medida em que os EUA não são
propriamente um grande exportador para a China. Mas a interdependência opera
sobretudo através do impacto que o eventual amortecimento do crescimento económico
chinês produz na inflação americana rebaixando-a, entre outras vias por via da
descida do preço do petróleo. Mais complexo e mais técnico e por isso me
abstenho de a comentar é o efeito provocado pela venda de reservas em dólares
que as autoridades chinesas têm vindo a realizar, que provoca uma espécie de “quantitative
easing” ao contrário, com implicações na subida dos yields de curto
prazo americanos.
Parece inverosímil, mas a verdade é que os mercados globais reagiram
suspeitosos do FED esclarecer que está preocupado com a atividade económica
mundial, coisa que esses mesmos mercados já deveriam ter antecipado. Estamos no
domínio da mais pura instabilidade.
O que está em linha com o post do meu colega de blogue.
Outra
matéria é a orientação traçada pelo FED de que não basta seguir o comportamento
da taxa de desemprego para avaliar do estado da economia. Bradford DeLong
continua a chamar a atenção para o comportamento da taxa de emprego (25-54 anos).
E o gráfico é revelador .
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