(Sobre o
significado da trafulhice ambiental da Volkswagen …)
No melhor dos panos cai a nódoa. Tenho conflito de interesses com a matéria.
Tenho presentemente uma nova carrinha Golf que não sei ainda se está minada
pela trafulhice ambiental que a Volkswagen urdiu, inicialmente pensava-se para
o mercado americano, mas tudo indica que não ficou por aqui e que outros
mercados foram atingidos. Para além disso, sempre associei à Volkswagen uma
ideia de consistência e robustez.
Ora, o que impressionou nesta história é a existência de um plano
determinado de gestão da fraude. Não se trata de uma ineficiência ou deficiência
numa peça, num air bag ou outra coisa
qualquer que justifica o regresso à base de muitas viaturas para serem
corrigidas. Não, neste caso pressente-se que há um propósito deliberado de
contornar normas ambientais, uma gestão persistente da infração e como é óbvio
altamente sofisticada, ou seja, uma gestão determinada da fraude.
Ainda me recordo, já há longos anos, de alguns truques de algumas
canhestras empresas portuguesas que reproduziam um selo de certificação
qualquer, do tipo “em conformidade com
normas europeias”, sem contudo terem sujeito o produto aos ditos testes de
certificação. É a fraude no seu estádio mais simples, vulgo chico espertice. Pois
agora a prevaricação alemã prima pela sofisticação e até apostaria que uma
massa significativa de despesas de I&D foi alocada à conceção do software prevaricador. O que não deixa
de ser simbólico da diferença entre a fronteira tecnológica e os seus mais
humildes seguidores. Até na fraude a fronteira tecnológica e do conhecimento é
mais sofisticada.
Mas trata-se de um rude golpe não apenas na robustez alemã. É um rude golpe
na confiança dos consumidores relativamente ao coração da economia de mercado –
a empresa, neste caso o conglomerado empresarial. Oxalá as exportações
portuguesas (peso da AutoEuropa) não venham por aí abaixo com a degradação da
imagem da Volkswagen.
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