Embora tardiamente, tenho vindo a recuperar terreno descobrindo a fascinante modalidade desportiva que é o râguebi (um desporto de bárbaros jogado por cavalheiros, dizia Churchill). E, por muito que não vá, nem mais ao menos, a ponto de ser levado a renunciar às minhas raízes culturais – que fazem da paixão pelo futebol um verdadeiro must (lá estive hoje no Dragão a ver a vitória do meu FCPorto sobre os “encarnados” de Lisboa) –, quanto mais vou conhecendo os meandros e os truques do soccer mais vou apreciando a espetacularidade total e o fair-play que essencialmente definem o rugby.
Vêm estas elucubrações a propósito de um evento imperdível que há dois dias se iniciou na Grã-Bretanha, o campeonato do mundo de râguebi. Seis semanas de duração, vinte nações em competição, quarenta e oito jogos a realizar (programa a fechar este post para quem estiver interessado e puder em assistir na Sport TV). Os detentores do título (síntese das sete edições já ocorridas desde 1987 no quadro abaixo) são os míticos “All Blacks” – mundialmente conhecidos pela haka (dança e grito típicos do povo Maori), uma performance de intimidação com que fazem preceder os seus jogos – e as grandes potências deste desporto são também a Austrália e a África do Sul (que venceram dois campeonatos cada, tal como a Nova Zelândia) e algumas nações europeias (Inglaterra, uma vez campeã, mas também França, País de Gales, Irlanda e Escócia, nunca ganhadoras). O equilíbrio entre continentes é claro (muito mais do que no futebol) e ainda reforçável pelo surgimento de equipas muito fortes na América do Sul (Argentina) e Ásia (Japão).
A competição começou bem e a um nível muito elevado. Sendo que, ainda por cima, já proporcionou um inesperado golpe de teatro (biggest shock in game’s history) com aquela vitória do Japão sobre a África do Sul – que jogatana! –, causadora como foi de um verdadeiro estado de choque no país dos “Bok” (aquele que possui maior número de praticantes no mundo, mais de 342 mil) e de significativo potencial de efeitos sobre o desenrolar de um torneio a não perder.
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