Mantenho tudo o que atrás disse acerca do governador do Banco de Portugal, por um lado, e da solução encontrada para o escândalo do BES, por outro. Mas reafirmar isso é diverso de considerar que o raro brilho que reconheço na pessoa de Carlos Costa e que a bondade relativa que atribuo à opção pela resolução do banco (versus nacionalização, recapitalização pública ou outras formas proximamente híbridas) façam deste chamado processo do Novo Banco um caso exemplar. Longe disso, aliás. Porque, em consciência, não posso nem devo confundir as coisas: o brilho, a competência e a intencionalidade não significam infalibilidade nem se substituem por inteiro a outros atributos, necessários e menos presentes, nos planos gestionário, comunicacional, negocial e político.
Houve erros e omissões? Sim, houve. Tivemos momentos de mau jeito, ingenuidade e inexperiência? Muito provavelmente. Deparamo-nos com silêncios incompreensíveis e evitáveis? Tudo indica que assim aconteceu. Assistimos a manifestações de autossuficiência e a injustificados confrontos de egos? Certamente também. Registaram-se fretes políticos de que não havia necessidade? Intuo, infelizmente, pela positiva. Ainda assim, e tudo visto e ponderado, Carlos Costa não só não merecia os inqualificáveis enxovalhos a que tem sido publicamente sujeito como exibiu alguma coragem patriótica (nuclear para a efetiva possibilitação daquilo que um amigo de Pedro Portugal batizou como “desSalgadização” da economia) e esteve do lado certo nas decisões fundamentais e mais bem do que mal na difícil e complexa missão que lhe coube enfrentar em condições de profundo isolamento institucional e, talvez mesmo, pessoal.
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