(Será que o
catalanismo é necessariamente independentista?)
O 11 de setembro de 2015 na Catalunha
trouxe-nos uma Diada diferente, não menos poderosa e pujante do que a dos anos
anteriores. Este ano, na antecâmara das plebiscitárias eleições de 27 de
setembro de 2015, a manifestação pública da Diada deixou de poder ser entendida
como um símbolo afirmativo da identidade catalã, para ser dominantemente uma
poderosa manifestação independentista, o início de uma campanha eleitoral.
Aparentemente, uma manifestação pública desta envergadura pressuporia uma
sociedade catalã não dividida e não há evidência de ter havido uma outra
manifestação alternativa para acolher os não independentistas, como o refere
Azevedo Lopes na sua crónica no Jornal de Notícias. Mas todos os números disponíveis
a partir das sondagens evidenciam que a Catalunha está fraturada e não
propriamente em duas. Diria que temos os independentistas, os nacionalistas não
independentistas e os não nacionalistas, ou seja, os que prezam acima de tudo a
Espanha. A coligação independentista Junts pel Si pode não ganhar a maioria de
votos mas tudo indica que o fará em termos de deputados.
Tenho para mim que apesar da pujança do fenómeno independentista um projeto
independentista deveria pelo menos atingir os 2/3 da votação e não conduzir a
Catalunha a uma fratura irreversível e não é tanto a incerteza do que a espera
que me preocupa. A fratura da sociedade catalã nos termos em que ela se perfila
pode ser trágica. E os mais penalizados pela pura ausência de sensibilidade política
do PP serão os nacionalistas não independentistas, ou seja, os que partilham a
perspetiva identitária catalã e que gostariam de a ver projetada numa Espanha
federal, na Espanha das nações. Afinal os não nacionalistas sempre podem
abandonar a Catalunha. Mas os nacionalistas não independentistas partilham uma
perspetiva identitária e a sua marginalização está contra o fenómeno simbólico
mais profundo da Diada.
20, 27 e 4, de setembro as duas primeiras e de outubro a terceira. Uma
vertigem eleitoral que atravessará o sul da Europa.
Sem comentários:
Enviar um comentário