domingo, 13 de setembro de 2015

TALVEZ A DIADA NÃO SEJA MAIS A MESMA




(Será que o catalanismo é necessariamente independentista?)

O 11 de setembro de 2015 na Catalunha trouxe-nos uma Diada diferente, não menos poderosa e pujante do que a dos anos anteriores. Este ano, na antecâmara das plebiscitárias eleições de 27 de setembro de 2015, a manifestação pública da Diada deixou de poder ser entendida como um símbolo afirmativo da identidade catalã, para ser dominantemente uma poderosa manifestação independentista, o início de uma campanha eleitoral.

Aparentemente, uma manifestação pública desta envergadura pressuporia uma sociedade catalã não dividida e não há evidência de ter havido uma outra manifestação alternativa para acolher os não independentistas, como o refere Azevedo Lopes na sua crónica no Jornal de Notícias. Mas todos os números disponíveis a partir das sondagens evidenciam que a Catalunha está fraturada e não propriamente em duas. Diria que temos os independentistas, os nacionalistas não independentistas e os não nacionalistas, ou seja, os que prezam acima de tudo a Espanha. A coligação independentista Junts pel Si pode não ganhar a maioria de votos mas tudo indica que o fará em termos de deputados.


Tenho para mim que apesar da pujança do fenómeno independentista um projeto independentista deveria pelo menos atingir os 2/3 da votação e não conduzir a Catalunha a uma fratura irreversível e não é tanto a incerteza do que a espera que me preocupa. A fratura da sociedade catalã nos termos em que ela se perfila pode ser trágica. E os mais penalizados pela pura ausência de sensibilidade política do PP serão os nacionalistas não independentistas, ou seja, os que partilham a perspetiva identitária catalã e que gostariam de a ver projetada numa Espanha federal, na Espanha das nações. Afinal os não nacionalistas sempre podem abandonar a Catalunha. Mas os nacionalistas não independentistas partilham uma perspetiva identitária e a sua marginalização está contra o fenómeno simbólico mais profundo da Diada.

20, 27 e 4, de setembro as duas primeiras e de outubro a terceira. Uma vertigem eleitoral que atravessará o sul da Europa.

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