Li com algum atraso as entrevistas concedidas aos nossos principais “jornais de expressão angolana” por essa espécie de “casal maravilha” que faz as delícias de uma declinante aristocracia intelectual lisboeta ou aparentada. Um homem e uma mulher com muitos anos disto e imenso trabalho de mérito acumulado, ele tendo mesmo chegado a constituir-se numa referência da sociedade portuguesa; um estatuto que ela nunca logrou atingir pelo caráter mais delimitado das suas áreas de interesse e devido ao provinciano síndroma elitista que lhe ficou da suposta uniqueness da sua passagem por Inglaterra. O problema de Filomena e António é o de todos nós, humanos: o envelhecimento e as suas sequelas. Um problema que, agravado por um protagonismo a que se foram acomodando e cuja base de sustentação lhes vai necessariamente fugindo debaixo dos pés, os leva a falarem do que não sabem, a tentarem-se pela asneira desviante ou a pronunciarem-se à maneira da comunicação sensacionalista e caceteira. Daí o meu conselho, sobretudo para que não delapidem ingloriamente o estatuto de respeitabilidade que justamente alcançaram: se não tiverem nada de útil e/ou relevante para dizer, queiram fazer o favor de se remeterem à incomparável sabedoria do silêncio...
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