Eu sei bem que o eleitorado que o Bloco de Esquerda (BE) disputa tem pouco a ver com o da coligação de direita. O que torna difíceis, e até quase improcedentes, as comparações diretas entre as suas propostas e as prestações dos seus protagonistas. Não obstante, os debates desta semana entre Catarina Martins – a jovem e supostamente inexperiente líder do BE, que também é portuense, mestre em Linguística e atriz de Teatro – e Portas, por um lado, e Passos, por outro, merecem uma menção, mais não fora para sublinhar quanto puseram a nu a indigência essencial e argumentativa dos nossos atuais governantes número um e dois. Portas nasceu para o soundbyte e nele se especializou à custa de muita hora “a serrar presunto” e a encantar jornalistas (e eleitores através deles, qual aldrabão de feira). Passos, bom, Passos é melhor nem falar, já que é um daqueles casos típicos de desadequação funcional transformada pela varinha de condão que o tocou naquele debate de há quatro anos com Sócrates em que o seu destino milagrosamente pareceu mudar.
Pois, Catarina deu-lhes forte e feio e até doer, pondo pelas ruas da amargura as alegadas virtudes expositivas e capacidades explicativas de um e outro – vantagens da convicção e da coerência, mesmo quando socialmente minoritárias, e vantagens também da competência e do esforço de quem trabalha e se prepara no duro em nome de causas...
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