Quem passasse pela zona da Cordoaria (Porto) no passado sábado a meio da tarde podia comprovar a chocante realidade do afastamento da maioria dos cidadãos relativamente à política através do contraste entre a indiferença dos muitos passeantes e consumidores que circulavam pela zona e aquele palco acantonado no largo contíguo à Antiga Cadeia da Relação à volta do qual se observava uma localizada concentração de gente e bandeiras em receção ao candidato a primeiro-ministro António Costa. Uma situação que, a atentar nos relatos dos jornalistas que acompanham a campanha das diferentes forças políticas (quaisquer que elas sejam), é claramente a regra destes dias pré-eleitorais.
Do comício propriamente dito guardei a seguinte meia dúzia de apontamentos: (i) a espessura política de António Vitorino, um cínico que faz a diferença pela inteligência que de si emana, e a quem coube “tratar” de Portas, relembrar que foram feitas oito alterações ao memorando da Troika e explicar que o PS é a única verdadeira alternativa contra uma coligação de direita que apenas esconde e cria medo; (ii) a espessura integral de um ser notável como é Alexandre Quintanilha; (iii) a presença firme, aos 92 anos, de Fernando Aguiar-Branco, apoiando a principal candidatura de oposição àquela que é liderada pelo seu ministerial filho José Pedro e assim se constituindo em exceção à regra enunciada por Costa de que “todos os pais querem seguramente o melhor para os seus filhos” (dizem que há filhos que são absolutamente intragáveis!); (iv) apesar de diversos e honrosos casos pontuais, a sensação de um PS a cumprir serviços mínimos; (v) a comparência anónima, mas clara para quem conhece bem o meio, de alguns habituais votantes à esquerda do PS, talvez sinalizando a possível chegada de algum voto útil; (vi) a determinação que ressalta de um António Costa aparentemente tranquilo e confiante.
E já só falta uma semana para acabar todo este folclore, que insisto em considerar crescentemente despropositado e desnecessário...
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