A New Yorker tem pela pena de Nicholas Lemann uma
excelente peça sobre a Presidente em exercício do FED – USA Janet Yellen e
indiretamente também sobre o seu marido, o economista e nobel George Akerlof,
que aqui se recomenda para compreender a segurança com que poderemos contar ao
leme de uma das instituições mais influentes na economia mundial.
Janet Yellen tem nos últimos tempos sido
fortemente pressionada para abrandar mais aceleradamente a sua política monetária
de ajuda à economia americana e simultaneamente subir taxas de juro como remédio
segundo alguns para combater os traços de instabilidade financeira que se vão
vivendo em contexto de custo do dinheiro praticamente zero. As origens dessa
pressão são provenientes sobretudo dos chamados falcões da inflação, isto é, as
forças económicas e políticas que pressentem pressões inflacionárias onde
economistas com um mínimo de distância rejeitam existir.
A sensatez e simultaneamente firmeza com que
Yellen tem fundamentadamente combatido essas pressões, lembrando com pertinência
que é sempre mais fácil corrigir uma intervenção anti-inflacionária tardia do
que um precoce aperto da política monetária gerador de desemprego e anunciando
uma muito gradual diminuição dos apoios do FED à economia americana inspiram confiança.
Mostram também como é retribuidor termos à frente de uma instituição como o FED
alguém que está bem consciente do duplo mandato que a instituição tem de
cumprir, estabilidade dos preços e combate ao desemprego. E percebe-se também
como por contraponto se compreende cada vez melhor a tontice que foi desenhar
um mandato para o BCE exclusivamente comando pelo objetivo da estabilidade nominal
da economia ainda por cima numa época em que o mainstream dava por certo que o “zero lower bound” estava guardado nas
arrecadações.
Como só a New
Yorker consegue fazer, a peça de Lemann ajuda-nos a perceber como Yellen é
sensível ao comportamento do desemprego, dominando como poucos os meandros da
política monetária. E é com prestações desta natureza que nos poderemos
reconciliar com o lugar dos economistas na sociedade, o que não é coisa pequena
nos tempos que vão correndo.
Para completar esta perceção da sobriedade e
segurança de Yellen, é também leitura obrigatória a sua Michel Camdessus Central Banking Lecture no FMI em 2 de julho de 2014, centrada no tema “MonetaryPolicy and Financial Stability”.
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