O PSOE pós Rubalcaba realizou sem grande estrondo
as suas primárias num espaço de tempo relativamente curto, após a decisão de
retirada do primeiro, elegendo o seu novo secretário-geral, com validação em
congresso de fins do presente julho. Segundo as informações disponíveis, o
processo foi transparente e relativamente aberto, envolvendo três candidatos
cujo reconhecimento na política espanhola não era propriamente de entusiasmar. O
vencedor Pedro Sánchez Castejón terá obtido apoio decisivo da poderosa Andalucía,
na qual obteve a maior votação. Não terá sido por acaso que a primeira reunião política
do novo líder foi realizada com a Presidente da Junta de Andalucía, a poderosa Susana
Díaz.
O relativo desconhecimento de Pedro Sánchez na sociedade
espanhola é interpretado por alguns analistas políticos espanhóis como um
trunfo eleitoral do novo secretário-geral, primeiro com algum êxito na eleição interna
e, espera a nova direção, em futuras eleições, para cujo candidato do PSOE serão
realizadas novas primárias. Ou seja, o referido desconhecimento permitiria ao
novo secretário-geral distanciar-se e rejeitar qualquer proximidade ou herança
para com Zapatero, não se colocando esse problema em relação ao retirado
Rubalcaba. Não sei se com algum oportunismo de circunstância Pedro Sánchez em
entrevistas pós vitória tem-se identificado com uma herança que vai de Felipe
González a Matteo Renzi, o que não é propriamente um equilíbrio fácil de
concretizar.
Como será inevitável, haverá sempre a tentação de
procurar na situação interna do PSOE semelhanças com a do PS português. Nas
primárias para secretário-geral do PSOE defrontaram-se dois candidatos praticamente
da mesma área de tendência, Madina e Sánchez, e um representante da tendência
da Izquierda Socialista (que se ficou pelos 15%). Não há por isso um contexto similar
ao da contenda socialista em Portugal. Há, no entanto, uma diferença essencial:
o PSOE compreendeu que face à premência da situação não haveria condições para
abertas. Assim, a sequência será a seguinte: primárias para secretário-geral,
validação ou não em Congresso e, em função das condições da barganha política,
primárias para escolha do candidato a primeiro-Ministro. Resta agora saber se
Rajoy terá alguma sombra com o tal candidato que se reclama de Felipe González
e de Matteo Renzi. Aparentemente, não é de esperar um debate político
entusiasmante, mas há sempre uma aprendizagem de função que pode trazer
surpresas.
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