terça-feira, 15 de julho de 2014

PEDRO VERSUS MARIANO?



O PSOE pós Rubalcaba realizou sem grande estrondo as suas primárias num espaço de tempo relativamente curto, após a decisão de retirada do primeiro, elegendo o seu novo secretário-geral, com validação em congresso de fins do presente julho. Segundo as informações disponíveis, o processo foi transparente e relativamente aberto, envolvendo três candidatos cujo reconhecimento na política espanhola não era propriamente de entusiasmar. O vencedor Pedro Sánchez Castejón terá obtido apoio decisivo da poderosa Andalucía, na qual obteve a maior votação. Não terá sido por acaso que a primeira reunião política do novo líder foi realizada com a Presidente da Junta de Andalucía, a poderosa Susana Díaz.
O relativo desconhecimento de Pedro Sánchez na sociedade espanhola é interpretado por alguns analistas políticos espanhóis como um trunfo eleitoral do novo secretário-geral, primeiro com algum êxito na eleição interna e, espera a nova direção, em futuras eleições, para cujo candidato do PSOE serão realizadas novas primárias. Ou seja, o referido desconhecimento permitiria ao novo secretário-geral distanciar-se e rejeitar qualquer proximidade ou herança para com Zapatero, não se colocando esse problema em relação ao retirado Rubalcaba. Não sei se com algum oportunismo de circunstância Pedro Sánchez em entrevistas pós vitória tem-se identificado com uma herança que vai de Felipe González a Matteo Renzi, o que não é propriamente um equilíbrio fácil de concretizar.
Como será inevitável, haverá sempre a tentação de procurar na situação interna do PSOE semelhanças com a do PS português. Nas primárias para secretário-geral do PSOE defrontaram-se dois candidatos praticamente da mesma área de tendência, Madina e Sánchez, e um representante da tendência da Izquierda Socialista (que se ficou pelos 15%). Não há por isso um contexto similar ao da contenda socialista em Portugal. Há, no entanto, uma diferença essencial: o PSOE compreendeu que face à premência da situação não haveria condições para abertas. Assim, a sequência será a seguinte: primárias para secretário-geral, validação ou não em Congresso e, em função das condições da barganha política, primárias para escolha do candidato a primeiro-Ministro. Resta agora saber se Rajoy terá alguma sombra com o tal candidato que se reclama de Felipe González e de Matteo Renzi. Aparentemente, não é de esperar um debate político entusiasmante, mas há sempre uma aprendizagem de função que pode trazer surpresas.

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