Por vezes tendemos a esquecer que o Brasil, onde ontem a Copa do Mundo terminou num ambiente social de profundo abatimento, deu nos últimos vinte anos passos de gigante rumo à sua definitiva consagração enquanto player a ter em conta no quadro das configurações determinantes da economia mundial do século XXI. E para conferir sustentabilidade ao processo brasileiro de desenvolvimento nada foi mais relevante do que a normalidade económica e financeira associada ao chamado “Plano Real”, lançado quando era ministro da Fazenda o “nosso” Fernando Henrique Cardoso.
Testemunhei-o pessoalmente desde a minha primeira visita àquelas paragens na qualidade de membro da equipa que ministrou os primeiros cursos de Verão da Universidade do Porto nas Universidades de São Paulo e Santa Catarina, em 1988 quando a moeda se chamava cruzado, e ao longo de muitas outras, posteriormente e tendo conhecido moedas como o cruzado novo e o cruzeiro antes de o real destas duas décadas se consolidar. Uma evolução que uma recente e magnífica infografia da “Folha” me relembrou saudosamente (ver abaixo).
Lembro-me em especial daquele momento único em que na vida psicologicamente me senti rico, pagando alegremente a conta de um restaurante de top no Rio de Janeiro. Eram os tempos da hiperinflação que o gráfico que abre este post tão bem ilustra: 980% ao ano em 1988, 1973% em 1989, 1621% em 1990, e por aí fora até se atingir o escandaloso recorde de 2477% em 1993!
Às vezes é preciso ir atrás e por as coisas em contexto para dar o devido significado às ocorrências. Porque cresceram exponencialmente as condições de afirmação global do “impávido colosso” que é “gigante pela própria natureza” e, continuando com as palavras do hino, “o teu futuro espelha essa grandeza”. E até pode ser que a esfera política venha a ajudar de novo...
(adaptação de http://www.folha.uol.com.br)
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