Regressando ao tema da produtividade, anunciado
no post anterior, e via Stumbling and Mumbling (um título
delicioso, Tropeçando e Resmungando,
para um blogue), eis que somos confrontados com a outra face do puzzle da produtividade, do lado de cá
do Atlântico, neste caso do insular Reino Unido.
Também o Reino Unido apresenta uma recuperação
económica com muito baixo ritmo de variação da produtividade, já aqui
parcialmente explicado pelos baixos níveis salariais da recuperação britânica,
sempre incentivadores de baixa inovação e consequente baixa produtividade. A comparação do Reino Unido com outros países revela bem esse gap e o próprio Banco de Inglaterra dedicou recentemente ao tema uma análise mais aprofundada:
O exercício do S&M é elementar mas precioso. Projetando
para a economia do Reino Unido após 2010 um ritmo alternativo mais elevado de
crescimento da produtividade (um pressuposto 2,3% ao ano) e um crescimento do
PIB igual ao efetivamente observado, conclui-se que a massa de desemprego que
tenderia contrafactualmente a observar-se no Reino Unido seria francamente mais
elevado.
Assim sendo, o puzzle da produtividade nunca terá incomodado verdadeiramente o
governo de Cameron e Osborne. De acordo com o S&M, tal puzzle é mais um
presente para o referido governo e daí o silêncio oficial quanto a tal fenómeno.
Mas conviria o governo conservador não esquecer
que um baixo ritmo de crescimento da produtividade quando interpretado a longo
prazo não é de modo nenhum um presente divino ou acidental, mas antes um sério
constrangimento.
Outros como o multimilionário mexicano Slim têm-se
preocupado com outras soluções como por exemplo a semana dos 3 dias. Mas isso é
matéria para outras conversas. Por agora, fica de novo a evidência, trazida
pelo S&M, de que a ambivalência da produtividade no curto e no longo prazo
não pode ser ignorada.
Sem comentários:
Enviar um comentário