quarta-feira, 2 de julho de 2014

FRASQUILHO FRAQUINHO


O novo presidente da AICEP, Miguel Frasquilho (MF), dá hoje a sua entrevista de balanço dos primeiros dois meses de mandato ao “Jornal de Negócios”. Como todos aqueles que se especializaram em saber viver próximos do poder ou nele dependurados, nesse quentinho lisboeta do “bem com todos”, o homem tem boa imprensa e lá vai levando a sua avante.

Porque MF – “o político, o professor, mas também o gestor”, nos dizeres do jornalista, mas também aquele feroz acusador dos que criticaram o seu nome por falta de perfil empresarial (“quem me fez essas críticas, ou não me conhece ou tem andado distraído” e “há mais de dez anos que faço ‘roadshows’”, p.e.) – é um verdadeiro campeão de ideias feitas. Como quando reproduz aquele discurso já “velho e gasto” que sempre deteta (ou decreta?) uma “alteração de mentalidade dos empresários” por obra e graça do Espírito Santo (que no caso é a crise e o modo alegadamente corajoso como a abordaram os seus chefes políticos): “ela foi indesejável e muito profunda, mas os empresários tomaram consciência de que não podiam continuar virados como até aí para o mercado interno e têm vindo a aumentar a sua vertente exportadora”. Ou como quando salienta que Portugal registou, “pela primeira vez em dez anos”, uma subida de três lugares (de 46º para 43º) no ranking do IMD e ocupa o 31º lugar do “Doing Business” do Banco Mundial (“à frente de Espanha, Itália e França”).

E, ainda, como quando enuncia orgulhosamente os principais argumentos que usa para captar investimento e vender Portugal, que são três e de arrasar: (i) “é um país que respeita os compromissos que assinou, como se comprova com o memorando que assinou com a Troika e cumpriu integralmente para poder sair de forma ‘limpa’ em Maio”; (ii) “é um país que está a construir um ambiente ‘business friendly’ em áreas como o licenciamento, a justiça e a legislação laboral; (iii) “é um pais que tem uma geografia privilegiada no contexto mundial e que pode ter um papel fundamental de ligação entre a Europa, a África e a América Latina e que, por essa via, pode proporcionar oportunidades que outros países não conseguem”. Já estou a visualizar o correspondente filme publicitário, primeiro mostrando um investidor estrangeiro a abrir a boca de admiração e espanto perante a dimensão da credibilidade readquirida, depois com a água a crescer-lhe na boca em face do apetitoso ambiente empresarial em construção e finalmente a precipitar-se a fazer a mala com que correrá para Lisboa em busca das oportunidades abertas pelo “discurso novo” que MF julga ter descoberto e que nunca imaginara ao seu limitado alcance. Pór favór!

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