domingo, 6 de julho de 2014

ECONOMICICES


Por estes dias, tomei nota das seguintes quatro informações económico-financeiras, aliás desigualmente relevantes. Primeiro, e a merecer novas razões de atenção, a publicação do 84º Relatório Anual do BIS (Banco de Pagamentos Internacionais) e a sua chamada de atenção (early warning) para os riscos presentes na configuração atual da economia mundial (where the next crisis might strike, no dizer do “Financial Times”): as ameaças que pesam sobre o sistema bancário chinês, a euforia desligada da realidade económica que reina nos mercados, a persistência de taxas de juro baixas e o endividamento empresarial nos países emergentes. Voltarei a alguns destes temas.


O segundo apontamento tem a ver com uma evidência já aqui salientada: a rápida e generalizada queda dos yields das obrigações governamentais a 10 anos, com os resultados potencialmente perversos que temos vindo a conhecer em Portugal e que o gráfico acima evidencia para o primeiro semestre de 2014 (no caso, o exemplo é o de uma estranha convergência entre os periféricos europeus e os EUA).


Em terceiro lugar, a confirmação de que as decisões de junho do BCE (meu post do dia 8) começaram de imediato a produzir os esperados efeitos. Constate-se, em especial, a significativa quebra de 65% (de 35,7 para 23,4 mil milhões de dólares), no pequeno espaço temporal de menos de um mês, dos depósitos dos bancos no “cofre” de Frankfurt.


Por último, uma mera curiosidade que não deixa todavia de nos interpelar. Segundo dados ainda não oficialmente divulgados pelo Banco Mundial, em 2013 Macau terá ultrapassado a Suíça no ranking global dos PIB por habitante e nele apenas se situará doravante atrás do Luxemburgo, da Noruega e do Qatar. Um resultado que, valendo o que vale enquanto indicador rigoroso de nível de desenvolvimento, não deixa de ser notável (o crescimento macaense terá mais que quintuplicado desde que o território deixou de ser português, em 1999) e muito fica a dever às receitas do jogo (de que, desde 2002, tem o monopólio na China, área de que passou a ser o maior centro mundial com 45 mil milhões de dólares registados em 2013, cerca de sete vezes o valor de Las Vegas) e do turismo.

Sem comentários:

Enviar um comentário