UNDERSTANDING SOCIETY é um dos meus blogues de culto, sobretudo porque
estabelece pontes sempre estimulantes entre as ciências sociais e a intervenção
social em geral e a economia, sobretudo no contexto em que esta última oscila
indefinidamente entre assumir-se como uma entre outras ciências sociais e
destas se afastar para evitar contaminações.
O último post
do blogue mergulha num tema fascinante que me tem aproximado ultimamente das ciências
da organização, embora o management não
me estimule por aí além. O tema é o da relação entre a performance dos indivíduos
e das organizações (grupos) em que aqueles se inserem.
A Copa de 2014 poderá oferecer motivos de reflexão
em redor deste tema, pois temos exemplos fascinantes de várias combinações
nesta matéria. Temos casos de equipas em que a performance organizacional se
sobrepõe claramente à dos indivíduos, mais ou menos estrelados. A Costa Rica, a
Bélgica e a Alemanha são casos evidentes de performance organizacional superior
à força da arte individual, embora por ordem crescente do trio possa falar-se
de diferenças na qualidade individual. Temos depois casos de equipas em que a performance
individual se sobrepõe à da organização, com a Argentina e o Brasil a
ilustrarem o paradigma e com o Brasil a despertar progressivamente para uma
maior performance de grupo como o ilustra a surpreendente primeira parte em que
os cafeteros não sabiam o que fazer
com a sua habilidade. Temos depois o triste caso português em que nem
performance de grupo nem performance de indivíduos sobredotados nos valeram. Temos
a Espanha em que faliu um modelo de jogo e de organização. Temos ainda o caso
da desagregação pura e simples, com os indivíduos a evoluírem no campo de forma
errática, como o foi o caso paradigmático dos Camarões. E temos finalmente o
caso de uma organização comandada por um misto de coerência e de valores como
foi o caso sério da Argélia.
E ainda dizem que o futebol não dá para pensar.
Com a chuva e a nebulosidade de Seixas a
esconderem a imagem do Minho lá no fundo, resta-me o Argentina-Bélgica para ver
se o modelo funciona, embora sem os comentários inspiradores de Freitas Lobo, já
que por aqui não há cabo e vou ter de suportar a fraca qualidade da TV digital.
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