quinta-feira, 10 de julho de 2014

ONDE É QUE EU JÁ OUVI ISTO?



O BES … caminho para o inferno da instabilidade lá vai sendo cavado, apesar de todas as manifestações de que o banco é uma coisa, outra coisa bem diferente o império do grupo, que parece ruir como um baralho de cartas e quanto a essa dimensão sabemos por certo ainda muito pouco.
Parece-me exagerada a tese que circulou hoje por alguns jornais segundo a qual existirá uma relação direta entre os problemas do império Espírito Santo e alguma instabilidade financeira hoje observada, com fenómenos evidentes de sell-off de muitos títulos que precipitaram uma onda descendente de cotações e posteriores subidas das taxas de juro da dívida pública da periferia do euro.
A tese da relação direta é talvez precipitada, mas o que poderá estar a acontecer é os investidores estarem a internalizar os problemas do grupo com riscos de default de papel de curto prazo com vencimento próximo noutros países da periferia da zona euro, a partir do momento em que não se conhece em toda a sua extensão quem detém dívida de tais grupos.
O que significa que poderá o Banco de Portugal vir afirmar com toda a veemência que o Banco está seguro que isso pode não travar suficientemente a instabilidade que a tripa forra dos Espírito Santo está a gerar. Claro está que a “brilhante” decisão de Granadeiro e seus pares executivos virem em ajuda de uma das holdings do grupo, financiando-o a curto prazo com uma pipa de massa só é possível num país em que a corporate governance é um saco roto. Oxalá os brasileiros levem a sério essa corporate governance e ajudem a colocar Granadeiro no olho da rua.
Mas atenção às indemnizações que daí poderão advir. Em tempos e empresas em que tanto se fala de remunerações por objetivos, será que estes erros e desvarios de gestão são positivamente compensados. E não quero ser populista porque para isso não tenho nem propensão nem jeito, mas a reforma de que se fala para Ricardo Salgado é chocante para qualquer um, a quem cortaram salário, pensão ou subsídio em nome de acalmar a instabilidade dos mercados, para ela não tendo contribuído.

Sem comentários:

Enviar um comentário