quinta-feira, 17 de julho de 2014

JÁ NÃO HÁ PACHORRA …



De facto, já não há pachorra para assistir e muito menos mergulhar nas dicas e justificações do desmembramento do Bloco de Esquerda, à medida que os que ficam zurzem nos que saem e que estes últimos procuram justificar a saída, focando o alvo nos podres da situação.
Ao pé de tudo isto Rui Tavares acabou por ter uma saída bem equilibrada e não é que não houvesse razões para responder aos dislates das tendências sobrantes.
A recente troca de mimos entre Daniel Oliveira e Francisco Louçã é de bradar aos céus, sendo espantosa a desproporcionada audiência que estes golpes de sensibilidade têm na nossa comunicação social. Não sei nem me interessa as razões da disputa, mas vou tirando as minhas conclusões quanto ao que vale esta franja da esquerda portuguesa.
Quanto a Francisco Louçã dói que farta que um intelectual evolucionista de primeira água e professor de mão cheia perca o seu tempo precioso e devaneie em torno de questões de personalidade, sensibilidade ou animosidades pessoais, sugerindo que a sua saída da direção do Bloco teve muito de artificial. Quanto a Daniel Oliveira, regista-se a sua perceção de que o BE não pode ficar indefinidamente à margem da governação e que tem de definir áreas de governação de um possível governo PS de alternativa à maioria atual sobre as quais admitirá negociação possível. Mas francamente entrar no jogo do dislate pessoal pretensamente justificativo da sua decisão de saída não se recomenda.
O BE e as tendências que ficam tendem vertiginosamente para acomodar apenas votos de protesto que têm por qualquer motivo alergia a uma qualquer possível identificação com o PCP. Não lhes antecipo grande futuro. Quando aos que saem, para constituir uma alternativa possível para uma parceria de governação mais à esquerda ainda têm que muito trabalhar para demonstrar que têm alguma ideia relevante para condicionar a governação de um possível governo PS. E quanto mais entrarem neste jogo de tricas e de personalidades menos tempo terão para o demonstrar.
Entre os fatores da dissidência conviria estabelecer alguma hierarquia de importância relativa entre o posicionamento face ao euro e face ao tratado orçamental. E neste debate de primas donas e de egos poderosos essa hierarquia não está feita.

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