De facto, já não há pachorra para assistir e
muito menos mergulhar nas dicas e justificações do desmembramento do Bloco de
Esquerda, à medida que os que ficam zurzem nos que saem e que estes últimos
procuram justificar a saída, focando o alvo nos podres da situação.
Ao pé de tudo isto Rui Tavares acabou por ter uma
saída bem equilibrada e não é que não houvesse razões para responder aos
dislates das tendências sobrantes.
A recente troca de mimos entre Daniel Oliveira e
Francisco Louçã é de bradar aos céus, sendo espantosa a desproporcionada audiência
que estes golpes de sensibilidade têm na nossa comunicação social. Não sei nem
me interessa as razões da disputa, mas vou tirando as minhas conclusões quanto
ao que vale esta franja da esquerda portuguesa.
Quanto a Francisco Louçã dói que farta que um
intelectual evolucionista de primeira água e professor de mão cheia perca o seu
tempo precioso e devaneie em torno de questões de personalidade, sensibilidade
ou animosidades pessoais, sugerindo que a sua saída da direção do Bloco teve
muito de artificial. Quanto a Daniel Oliveira, regista-se a sua perceção de que
o BE não pode ficar indefinidamente à margem da governação e que tem de definir
áreas de governação de um possível governo PS de alternativa à maioria atual
sobre as quais admitirá negociação possível. Mas francamente entrar no jogo do
dislate pessoal pretensamente justificativo da sua decisão de saída não se
recomenda.
O BE e as tendências que ficam tendem
vertiginosamente para acomodar apenas votos de protesto que têm por qualquer
motivo alergia a uma qualquer possível identificação com o PCP. Não lhes
antecipo grande futuro. Quando aos que saem, para constituir uma alternativa
possível para uma parceria de governação mais à esquerda ainda têm que muito
trabalhar para demonstrar que têm alguma ideia relevante para condicionar a
governação de um possível governo PS. E quanto mais entrarem neste jogo de
tricas e de personalidades menos tempo terão para o demonstrar.
Entre os fatores da dissidência conviria
estabelecer alguma hierarquia de importância relativa entre o posicionamento
face ao euro e face ao tratado orçamental. E neste debate de primas donas e de
egos poderosos essa hierarquia não está feita.
Sem comentários:
Enviar um comentário