Têm ambas cabelos brancos, mas são duas mulheres
quase diametralmente opostas no aspeto, na pose, no vestuário, na maneira de
ocupar o palco. Christine Lagarde é o que se convencionou chamar a alta-roda
francesa, um charme especial e sobretudo o luxo sóbrio do seu vestuário, vindo
das lojas de St. Honoré ou nos últimos tempos talvez das lojas griffe mais salientes
de Nova Iorque ou Washington. Janet Yellen, nos antípodas de Christine, é
claramente a investigadora que viveu sempre para as suas tarefas académicas, não
se lhe conhece propensão alguma para a moda ou para a pose, estruturalmente sóbria
e simpática.
Quis o destino que, respetivamente, ao leme do
FMI e do FED, assumissem no mesmo tempo histórico o topo das instituições
financeiras na economia mundial.
Esta semana, no ambiente rico de debate que a
investigação e a política económicas apresentam nos EUA, encontraram-se num diálogo público que aqui reproduzimos.
O encontro aconteceu num período em que se debate
com vigor nos EUA se os riscos de instabilidade financeira devem ou não ser
combatidos através de uma política de aumento de taxas de juro, quando do ponto
de vista do comportamento da atividade económica não existem razões palpáveis
para fazer evoluir a política monetária para uma orientação mais restritiva.
Do encontro entre Lagarde e Yellen, registo sobretudo
a ênfase e a importância que a segunda dedicou à intervenção macroprudencial do
FED, como elemento crucial da sua intervenção para além da política monetária,
o que parece sugerir que alguma coisa foi aprendida com a crise financeira de
2007-2008. E Lagarde revelou uma fina pontaria quando questionou a Presidente
do FED se conseguiria estender essa perspetiva macroprudencial à chamada banca
sombra, repetidas vezes aqui discutida neste blogue. A resposta de Janet Yellen
não me pareceu muito convincente, sugerindo-me que a questão da banca-sombra ainda
exigirá da intervenção macroprudencial muita atenção.
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