sábado, 5 de julho de 2014

CHRISTINE VERSUS JANET



Têm ambas cabelos brancos, mas são duas mulheres quase diametralmente opostas no aspeto, na pose, no vestuário, na maneira de ocupar o palco. Christine Lagarde é o que se convencionou chamar a alta-roda francesa, um charme especial e sobretudo o luxo sóbrio do seu vestuário, vindo das lojas de St. Honoré ou nos últimos tempos talvez das lojas griffe mais salientes de Nova Iorque ou Washington. Janet Yellen, nos antípodas de Christine, é claramente a investigadora que viveu sempre para as suas tarefas académicas, não se lhe conhece propensão alguma para a moda ou para a pose, estruturalmente sóbria e simpática.
Quis o destino que, respetivamente, ao leme do FMI e do FED, assumissem no mesmo tempo histórico o topo das instituições financeiras na economia mundial.
Esta semana, no ambiente rico de debate que a investigação e a política económicas apresentam nos EUA, encontraram-se num diálogo público que aqui reproduzimos.
O encontro aconteceu num período em que se debate com vigor nos EUA se os riscos de instabilidade financeira devem ou não ser combatidos através de uma política de aumento de taxas de juro, quando do ponto de vista do comportamento da atividade económica não existem razões palpáveis para fazer evoluir a política monetária para uma orientação mais restritiva.
Do encontro entre Lagarde e Yellen, registo sobretudo a ênfase e a importância que a segunda dedicou à intervenção macroprudencial do FED, como elemento crucial da sua intervenção para além da política monetária, o que parece sugerir que alguma coisa foi aprendida com a crise financeira de 2007-2008. E Lagarde revelou uma fina pontaria quando questionou a Presidente do FED se conseguiria estender essa perspetiva macroprudencial à chamada banca sombra, repetidas vezes aqui discutida neste blogue. A resposta de Janet Yellen não me pareceu muito convincente, sugerindo-me que a questão da banca-sombra ainda exigirá da intervenção macroprudencial muita atenção.

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