Foi prometedora a estreia presidencial de Matteo Renzi, ontem no Parlamento Europeu em Estrasburgo. Aqui deixo, para eventual memória histórica, quatro registos diferentes do momento: o de um testemunho em direto, o dos elucidativos títulos dos principais jornais italianos de hoje, o da sempre apurada ilustração de Giannelli e o do excerto abaixo dos “Sinais” da TSF com que Fernando Alves se nos dirigiu no início desta manhã.
“(...) Matteo Renzi apelou a que se recupere a alma da Europa. Esta manhã o Monde fala numa nova odisseia de Telémaco. (...) De facto, o próprio primeiro-ministro italiano lembrou Ulisses na sua saga para regressar a Ítaca e falou de Telémaco, o filho de Ulisses que se aventurou a uma longa viagem em busca do pai, em busca da própria identidade. O desconcertante Matteo Renzi lançou ainda um desafio aos seus pares: a nossa geração, diz ele, deve reencontrar o espírito de Telémaco. Mas a demanda dos jovens europeus, que aos olhos de Renzi representa Telémaco, aquilo que os faz partir de Ítaca será mesmo a busca da própria identidade, é em busca de Ulisses que eles partem? Matteo Renzi dirige-se a uma Europa que parece ter perdido mais do que o GPS. A frase mais resgatada pela imprensa (...) refere-se a uma Europa sombria. Se a Europa fizesse uma selfie, disse Renzi, veríamos um rosto de cansaço e resignação, um rosto de tédio e aborrecimento. O tédio no sentido a que se lhe refere Bernardo Soares, no Livro do Desassossego, não a doença do aborrecimento do nada ter que fazer mas a doença maior de sentir que não vale a pena fazer nada. (...)”
O que quer que venha a suceder daqui para a frente, já foi bonito de ver um alto responsável europeu a confrontar sem rebuço o cinismo do PPE e a arrogância dos alemães, como quando Renzi lembrou ao tedesco que lidera a bancada da Direita (Manfred Weber) que foi a Alemanha a primeira a violar, em 2003, as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Ou ouvi-lo afirmar que, sem prejuízo das metas da estabilidade orçamental, usaria os próximos seis meses para empurrar a política europeia no sentido de um impulso vital ao crescimento. Ou, ainda, a por o essencial no respetivo e justo lugar, sublinhando que estava ali em representação de um grande país que não participa nas instituições europeias para pedir alguma coisa mas para oferecer algo. Aleluia!
“(...) Matteo Renzi apelou a que se recupere a alma da Europa. Esta manhã o Monde fala numa nova odisseia de Telémaco. (...) De facto, o próprio primeiro-ministro italiano lembrou Ulisses na sua saga para regressar a Ítaca e falou de Telémaco, o filho de Ulisses que se aventurou a uma longa viagem em busca do pai, em busca da própria identidade. O desconcertante Matteo Renzi lançou ainda um desafio aos seus pares: a nossa geração, diz ele, deve reencontrar o espírito de Telémaco. Mas a demanda dos jovens europeus, que aos olhos de Renzi representa Telémaco, aquilo que os faz partir de Ítaca será mesmo a busca da própria identidade, é em busca de Ulisses que eles partem? Matteo Renzi dirige-se a uma Europa que parece ter perdido mais do que o GPS. A frase mais resgatada pela imprensa (...) refere-se a uma Europa sombria. Se a Europa fizesse uma selfie, disse Renzi, veríamos um rosto de cansaço e resignação, um rosto de tédio e aborrecimento. O tédio no sentido a que se lhe refere Bernardo Soares, no Livro do Desassossego, não a doença do aborrecimento do nada ter que fazer mas a doença maior de sentir que não vale a pena fazer nada. (...)”
O que quer que venha a suceder daqui para a frente, já foi bonito de ver um alto responsável europeu a confrontar sem rebuço o cinismo do PPE e a arrogância dos alemães, como quando Renzi lembrou ao tedesco que lidera a bancada da Direita (Manfred Weber) que foi a Alemanha a primeira a violar, em 2003, as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento. Ou ouvi-lo afirmar que, sem prejuízo das metas da estabilidade orçamental, usaria os próximos seis meses para empurrar a política europeia no sentido de um impulso vital ao crescimento. Ou, ainda, a por o essencial no respetivo e justo lugar, sublinhando que estava ali em representação de um grande país que não participa nas instituições europeias para pedir alguma coisa mas para oferecer algo. Aleluia!
(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
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