terça-feira, 29 de julho de 2014

O INCIPIENTE CRESCIMENTO ECONÓMICO USA



Os economistas europeus e os portugueses em particular têm dedicado uma reduzida atenção ao incipiente crescimento económico americano não só como sequela da Grande Recessão de 2007-2008, mas também como facto de longo prazo.
E deveríamos prestar mais atenção a esse novo facto estilizado dos tempos mais recentes. Papagaios sobre o crescimento temos muitos, António José Seguro à frente de todos, mas não basta proclamar pela sua ocorrência, é necessário criar as condições para que ele aconteça. Ora, nesse sentido, compreender a debilidade do crescimento económico americano, com as devidas proporções e comparações com as economias europeias, parece ser um passo fundamental para antecipar as referidas e desejadas condições.
Os economistas americanos, com Larry Summers à cabeça, compreenderam-no e têm mantido o debate a um nível muito alto.
O The Economist da passada sexta-feira (link aqui) dedica-lhe a importância que o tema merece numa revista que, apesar do seu quadro ideológico que todos conhecemos, divulga e debate as grandes questões do nosso tempo.
O gráfico abaixo coloca a década atual em termos comparativamente penosos relativamente a outros tempos. E o que espanta é que a comparação é tão penosa em termos de ritmos de crescimento do emprego como o é em matéria de produtividade.

O comportamento da produtividade do trabalho deve ser analisado não só numa perspetiva do curto prazo mas também na perspetiva do tempo longo. No tempo longo, não podemos ignorar que é o crescimento da produtividade que potencia a melhoria do bem-estar material das populações, pressupondo que os seus ganhos são equitativamente repartidos entre os diferentes grupos sociais. A curto prazo, em tempos de desemprego massivo provocado por queda da produção e da procura globais, um aumento de produtividade muito elevado é mau amigo do desemprego, porque o intensifica. Já quando o desemprego tende a aproximar-se dos níveis chamados naturais, uma baixa produtividade é fortemente penalizadora do futuro.
Com a economia americana, embora lentamente, a recuperar os ritmos de criação de emprego e as estimativas do produto potencial máximo a serem sistematicamente revistas em baixa (ver gráfico abaixo), a produtividade parece ser o coração ou pelo menos um dos focos do problema e da chamada estagnação secular.

Mas se assim é, então teremos de voltar ao tema do progresso técnico e aí o material não faltará para futuros posts, ainda que ao ritmo de férias.

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