Os economistas europeus e os portugueses em
particular têm dedicado uma reduzida atenção ao incipiente crescimento económico
americano não só como sequela da Grande Recessão de 2007-2008, mas também como
facto de longo prazo.
E deveríamos prestar mais atenção a esse novo
facto estilizado dos tempos mais recentes. Papagaios sobre o crescimento temos
muitos, António José Seguro à frente de todos, mas não basta proclamar pela sua
ocorrência, é necessário criar as condições para que ele aconteça. Ora, nesse
sentido, compreender a debilidade do crescimento económico americano, com as
devidas proporções e comparações com as economias europeias, parece ser um
passo fundamental para antecipar as referidas e desejadas condições.
Os economistas americanos, com Larry Summers à
cabeça, compreenderam-no e têm mantido o debate a um nível muito alto.
O The
Economist da passada sexta-feira (link aqui) dedica-lhe a importância que o tema merece
numa revista que, apesar do seu quadro ideológico que todos conhecemos, divulga
e debate as grandes questões do nosso tempo.
O gráfico abaixo coloca a década atual em termos
comparativamente penosos relativamente a outros tempos. E o que espanta é que a
comparação é tão penosa em termos de ritmos de crescimento do emprego como o é
em matéria de produtividade.
O comportamento da produtividade do trabalho deve
ser analisado não só numa perspetiva do curto prazo mas também na perspetiva do
tempo longo. No tempo longo, não podemos ignorar que é o crescimento da
produtividade que potencia a melhoria do bem-estar material das populações,
pressupondo que os seus ganhos são equitativamente repartidos entre os
diferentes grupos sociais. A curto prazo, em tempos de desemprego massivo
provocado por queda da produção e da procura globais, um aumento de
produtividade muito elevado é mau amigo do desemprego, porque o intensifica. Já
quando o desemprego tende a aproximar-se dos níveis chamados naturais, uma
baixa produtividade é fortemente penalizadora do futuro.
Com a economia americana, embora lentamente, a
recuperar os ritmos de criação de emprego e as estimativas do produto potencial
máximo a serem sistematicamente revistas em baixa (ver gráfico abaixo), a
produtividade parece ser o coração ou pelo menos um dos focos do problema e da
chamada estagnação secular.
Mas se assim é, então teremos de voltar ao tema do
progresso técnico e aí o material não faltará para futuros posts, ainda que ao
ritmo de férias.
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