Não, não se trata
de uma pequena homenagem a Tabuchi, de que comecei a ler “O tempo envelhece
depressa”, pois a idade não perdoa e nada melhor do que a sensibilidade de
Tabuchi para fazer esse teste. Também não se trata de uma invocação de Mastroianni,
ligado para sempre ao filme de Roberto Faenza sobre obra de Tabuchi.
O “afirma Pereira”
tem antes que ver com a cada vez mais clarividente posição de José Pacheco Pereira
(JPP) no cada vez mais incontornável Quadratura do Círculo. E afirma cada vez
com mais coerência e robustez.
Num programa que
poderíamos sintetizar com o resultado de 3-0 na relação “Comentadores-Governo”,
JPP fez passar entre outras coisas esta conclusão: “Eles (Governo) não sabem
lidar com a sociedade”. Parece-me que fica tudo dito. Mas JPP vai mais longe,
bastante mais longe do que o esperado, denunciando o que designa de perigosa
destruição de um equilíbrio social no país, muito para além do que pode
representar um programa de austeridade. E de uma forma particularmente contundente,
fala de existência no Governo de conceções “messiânicas e milenaristas” da
reforma do País, só muito recentemente em recuo dada a complexidade da
sociedade que se pretende transformar e os problemas já conhecidos de execução
orçamental.
Da clarividência
de JPP já tínhamos evidência que baste para avaliar a sua coerência. Mas a
novidade de ontem é a posição de António Lobo Xavier quando denuncia o que lhe
parece ser um flagrante erro político de forçar a barra no plano da legislação
do trabalho muito para além do acordo de concertação social, colocando PS e UGT
em situação de grande fragilidade e em caminho de rotura. Ou muito me engano ou
o programa de ontem vai marcar uma viragem de tendência de opinião.
É claro que a
forma despudorada, desajeitada ou simplesmente inqualificável como o PS tratou
de indicar o seu representante para o Tribunal Constitucional evidencia bem que
vai ser necessária uma grande viragem de tendência de opinião para produzir
resultados que se vejam.
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