sexta-feira, 20 de abril de 2012

AFIRMA PEREIRA (JPP)



Não, não se trata de uma pequena homenagem a Tabuchi, de que comecei a ler “O tempo envelhece depressa”, pois a idade não perdoa e nada melhor do que a sensibilidade de Tabuchi para fazer esse teste. Também não se trata de uma invocação de Mastroianni, ligado para sempre ao filme de Roberto Faenza sobre obra de Tabuchi.
O “afirma Pereira” tem antes que ver com a cada vez mais clarividente posição de José Pacheco Pereira (JPP) no cada vez mais incontornável Quadratura do Círculo. E afirma cada vez com mais coerência e robustez.
Num programa que poderíamos sintetizar com o resultado de 3-0 na relação “Comentadores-Governo”, JPP fez passar entre outras coisas esta conclusão: “Eles (Governo) não sabem lidar com a sociedade”. Parece-me que fica tudo dito. Mas JPP vai mais longe, bastante mais longe do que o esperado, denunciando o que designa de perigosa destruição de um equilíbrio social no país, muito para além do que pode representar um programa de austeridade. E de uma forma particularmente contundente, fala de existência no Governo de conceções “messiânicas e milenaristas” da reforma do País, só muito recentemente em recuo dada a complexidade da sociedade que se pretende transformar e os problemas já conhecidos de execução orçamental.
Da clarividência de JPP já tínhamos evidência que baste para avaliar a sua coerência. Mas a novidade de ontem é a posição de António Lobo Xavier quando denuncia o que lhe parece ser um flagrante erro político de forçar a barra no plano da legislação do trabalho muito para além do acordo de concertação social, colocando PS e UGT em situação de grande fragilidade e em caminho de rotura. Ou muito me engano ou o programa de ontem vai marcar uma viragem de tendência de opinião.
É claro que a forma despudorada, desajeitada ou simplesmente inqualificável como o PS tratou de indicar o seu representante para o Tribunal Constitucional evidencia bem que vai ser necessária uma grande viragem de tendência de opinião para produzir resultados que se vejam.

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