sábado, 28 de abril de 2012

UM VERDADEIRO SENADOR


Tenho um grande apreço pelo Dr. Silva Lopes. Considero-o um verdadeiro Senador. Ao contrário de outros denominados ou auto-proclamados senadores, decrépitos ou sem qualquer coisa de relevante para nos transmitir, o Dr. Silva Lopes mantém uma lucidez de pensamento que faz inveja a qualquer candidato ao envelhecimento e alia uma robustez de conhecimento teórico a uma imensa prática não só de governação, mas de fundamentada reflexão sobre a mesma. Mantenho vivo na memória um almoço em Lisboa, ainda Silva Lopes desempenhava as funções de Presidente do Conselho Económico e Social, para preparar um seminário da Presidência portuguesa para o qual preparei um contributo a incorporar no parecer do CES. Nessa conversa informal pude confirmar a extrema sensibilidade já na altura à insustentabilidade do modelo de afetação de recursos públicos e às componentes (re) distributivas da política económica, sensibilidade pouco comum entre os economistas portugueses. A sua obra “A Economia Portuguesa no século XX”, publicada em Julho de 2004 pelo Instituto de Ciências Sociais continua a representar um marco indelével entre as diferentes perspetivas sobre a economia portuguesa.

Sempre atento às faltas de transparência e de “accountability” dos processos públicos, Silva Lopes veio ontem denunciar muito pertinentemente a total falta de transparência que constitui o facto de não ter sido ainda disponibilizado aos portugueses o texto concreto do acordo de ajustamento financeiro da Região Autónoma da Madeira. Embora objeto de todas as críticas, o acordo com a Troika é público e o seu texto está acessível a todos que o pretendam monitorizar. Que razões obscuras explicarão o desconhecimento que os Portugueses e os próprios madeirenses ainda hoje têm do que terá sido oportunamente acordado entre o governo da República e o governo regional? A isto chama-se falta de transparência democrática e como sempre o Senador foi o primeiro, creio eu, a denunciar esse facto.

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