sábado, 21 de abril de 2012

WOLFGANG E MARTIN



Há já algum tempo que aqui não recorremos ao conhecimento, informação e talento dos dois excecionais colunistas do “Financial Times” que são Wolfgang Münchau e Martin Wolf. Pois os respetivos artigos da semana em curso constituem um bom pretexto para que se lhes dirija uma menção conjunta, sem prejuízo da recomendação de posteriores leituras mais atentas.

O primeiro, sustentando que “a Espanha aceitou uma missão impossível” (bem refletida no cartoon de Raymond Burke, no “24 Heures” de Lausana, http://www.24heures.ch), escreve que “ou Madrid falhará o objetivo ou terá que despedir tantas pessoas que provocará uma insurreição política”. E termina assim: “Só consigo ver dois desfechos para a Espanha. A crise ou terminará numa catastrófica retirada da Espanha da Zona Euro ou numa variante de uma união orçamental que inclua um apoio conjunto da Zona Euro ao setor financeiro. Se o governo espanhol prosseguir até ao fim a estratégia que anunciou, o primeiro desfecho tornar-se-á enormemente mais provável.”

O segundo, vindo de uma viagem aos Estados Unidos em que constatou que “os americanos informados acreditam que a Zona Euro não sobreviverá”, recorre a Alexis de Tocqueville (e à sua visão dos Estados Unidos como “um casamento de conveniência política”) e aos ensinamentos da Física (o jogo das forças centrífugas e centrípetas) para sublinhar as diferenças existentes entre a formação daquele país e a atual Zona Euro (que o não é – atente-se na sua caracterização no excelente cartoon de Ingram Pinn, no “Financial Times”, http://www.ft.com). Concluindo, algo surpreendentemente, que “os ‘outsiders’ não devem subestimar a força da vontade por trás dela” e que “ o desfecho mais provável – embora longe de uma certeza – é um compromisso entre as ideias alemãs e uma bagunçada realidade europeia”.
 
Apesar do muito que divide os dois autores, a finura das suas análises revela-se tão significativamente inspiradora que a convergência entre eles acaba por se tornar mais justificada do que à primeira vista se tenderia a admitir…

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