quarta-feira, 11 de abril de 2012

GRANDE COLIGAÇÃO?

As eleições alemãs de Setembro de 2013 serão previsivelmente um momento definidor decisivo para o futuro dos povos europeus em geral e da União Europeia em particular. O que justifica que uma particular atenção lhes seja dirigida, aqui através de um rápido sobrevoo do atual “estado da arte” à luz das sondagens que vão sendo conhecidas.

O gráfico acima – indicando a azul os resultados eleitorais de 2009, a vermelho a síntese disponível das mais recentes previsões dos seis principais institutos de sondagem (“poll of polls”) e a verde os dados de uma sondagem ontem divulgada (Forsa) – resume o essencial. Destaco quatro pontos:


· a atual base eleitoral de apoio do governo de Merkel (CDU/CSU + FDP, 48,4% em 2009) apresenta-se em sério risco de erosão (ronda hoje apenas os 40%), fruto essencialmente da forte queda de um FDP que tem vindo a ser cotado sistematicamente abaixo do limiar parlamentar dos 5%;

· o crescimento da expressão do SPD e dos Verdes denota instabilidades e mostra-se, mesmo na melhor das hipóteses, notoriamente insuficiente para os constituir em coligação alternativa (inclusivamente com base numa eventual, mas difícil, coligação de toda a esquerda, isto é, que se alargasse a um “Die Linke” em perda);

· a novidade parece ser a relativa explosão do fenómeno constituído pelo “Partido Pirata” (em torno de 9% na média das sondagens e incríveis 13% na sondagem de anteontem!), uma entidade criada em 2006 com base numa plataforma de quase total transparência (“admitimos abertamente que temos ‘gaps’ de conhecimento”) e de desmantelamento de direitos na Internet, liderada por um jovem que ainda não completou 30 anos (Sebastian Nerz, foto acima) e tendo obtido lugares de representação pela primeira vez em Setembro passado nas eleições estaduais de Berlim, mas também um “no-issue party” e um parceiro governativo pouco plausível segundo a intuição de quase todos os observadores;

· a grande conclusão, que ao mesmo tempo muito ajudará certamente à compreensão de muito do que vier a ocorrer na Europa durante os próximos meses, parece ser a de que Merkel terá de fazer as escolhas certas (?) se quiser evitar a hipótese mais provável de ter de voltar a um “bloco central” (pelo menos com os social-democratas, sendo ainda absolutamente relevantes quer a tática quer o nome – este a sair da “troika” alemã (Peer Steinbrück, Sigmar Gabriel ou Frank-Walter Steinmeier?, apresentada em foto acima e caricaturada em modo "merkeliano" em
http://www.nelcartoons.de) – para que aqueles se venham a inclinar em definitivo).

Afinal, quanta água ainda para correr…

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