quarta-feira, 11 de abril de 2012

DOZE DIAS

A doze dias da primeira volta das eleições presidenciais francesas, o velho “Libé” faz uma capa que resume o essencial em cinco “enjeux”.

· A abstenção: quando elevada, um sintoma sempre inquietante sobre o estado da sociedade; 28,4% em 2002, 16,2% em 2007; de modo nunca antes verificado, o interesse dos cidadãos baixa à medida que a data se aproxima e a mais recente estimativa é pessimista (32%); a ideia de que uma grande desmobilização (avaliada acima de 20%) pode prejudicar a esquerda e favorecer a extrema-direita e a direita.

· O primeiro lugar: previsões desencontradas, curvas intersetadas; uma luta comum aos dois previsíveis mais votados, mas sobretudo prioritária na perspetiva de um Sarkozy com menos reservas de votos à direita e necessitado de uma “vitória simbólica” e psicologicamente demonstrativa de que “rien n’est joué”.

· O comportamento do candidato François Bayrou: um centrista em queda (apenas 10 a 12% das intenções de voto e possível 5º lugar) que pode transformar-se em “terceiro homem” pela importância determinante da sua eventual colagem ao bloco de direita; a corte que lhe vai sendo feita pela atual maioria vai ao ponto de o apontar como hipótese para Matignon.

· O terceiro lugar: um duelo dentro do duelo entre Marine Le Pen (Frente Nacional) e Jean-Luc Mélenchon (Frente de Esquerda), entre o “cão de guarda do sistema” e o “idiota triplamente útil”, agora com ligeira vantagem deste; decisivo para minorar/amplificar traumas coletivos passados e para facilitar/dificultar a vida de Hollande nas negociações programáticas e de alianças visando a segunda volta.

· O peso da esquerda: excecionalmente elevado neste momento (43,5% a 46,5%) de acordo com todas as sondagens e revelando grande persistência ao longo do tempo; a média estimada das transferências de votos atinge os 85%; o limiar de perigosidade para Hollande está avaliado em torno dos 40%.

A previsão mais constante de todos os institutos de sondagem é, por ora, o anúncio de uma vitória de François Hollande na segunda volta com diferenciais de votação variando entre 6 a 12 pontos em relação a Sarkozy. “Du jamais vu”...

Sem comentários:

Enviar um comentário