A relação política
preferencial que Rajoy tem mantido no quadro da ação do Partido Popular com a
sua Galiza natal na personalidade do líder galego Nunes Feijóo teve hoje amplos
motivos para consolo mútuo.
Dois
acontecimentos marcaram esse espaço no dia de hoje.
Por um lado, a
decisão da Presidente argentina de ir até às últimas consequências na
expropriação de 51% do capital da YPF controlada pela Repsol abre uma caixa de
pandora de possíveis retaliações, tudo o que o governo espanhol provavelmente não
desejaria na situação atual. Sob o fogo da incerteza da crise das dívidas
soberanas e com os yields da dívida espanhola de novo a galope, o dossier Repsol-Argentina
corre o risco de retirar a energia necessária para enfrentar a dura situação
determinada pela não resolvida pressão sobre a zona euro.
Por outro lado, na
sequência de uma chamada de atenção já aqui realizada há algum tempo, o alcalde
de Santiago de Compostela, aposta pessoal de Feijóo nas últimas bem sucedidas
eleições locais na Galiza para o PP, não aguentou a pressão determinada pela
sua situação fiscal. Os contornos do caso justificam que se diga que Conde Roa é
o primeiro líder local a ser vítima em Espanha da desalavancagem penosa a que o
setor privado espanhol vai ser submetido na sequência do eclodir da sua bolha
imobiliária. O alcalde Roa, promotor imobiliário, tinha recebido rigorosamente o
IVA inerente à venda creio que de 60 fogos mas não o tinha declarado ao fisco,
para tentar minimizar uma complicada situação financeira pessoal. Do El País: “Com
efeito, tal como o descreveu o Presidente da Xunta, o alcalde de Santiago sofre
em causa própria os efeitos do rebentamento da bolha imobiliária, de que tirou
partido de forma desmesurada durante os anos de vacas gordas através da empresa
Geslander Proyectos de Edificación, de que é o único proprietário e
administrador. Agora não deve apenas os 291000 euros que a Hacienda reclama por
não declarar o IVA que cobrou aos compradores das vivendas que comercializou e
que determinaram a sua indicação como incorrendo em alegado delito de fraude
fiscal. Conde Roa junta essa dívida a uma situação deficitária de mais de 7
milhões de euros, a maior parte a entidades financeiras, de acordo com um relatório
pericial em poder da Audiencia Provicial de A Coruña”.
Este facto, e só
por isso aqui o menciono, é particularmente ilustrativo do tipo de situação
financeira em que se encontra o país vizinho e da desalavancagem que a dívida
privada espanhola irá determinar. E revela também uma espantosa pontaria política
na indicação de uma personalidade para liderar um dos mais carismáticos
ayuntamientos galegos.
Há dias e situações
que políticos como Rajoy e Feijóo não gostariam de ter vivido, ainda por cima
sob a mira de uma descontrolada pressão de mercados. A escolha de
personalidades ainda se pode controlar, aconselhando-se um check up financeiro
antes de confirmar convites. Mas escolher o momento certo para governar é bem
mais difícil nos tempos que correm.
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