segunda-feira, 16 de abril de 2012

A DUPLA RAJOY /FEIJÓO SOB PRESSÃO



A relação política preferencial que Rajoy tem mantido no quadro da ação do Partido Popular com a sua Galiza natal na personalidade do líder galego Nunes Feijóo teve hoje amplos motivos para consolo mútuo.
Dois acontecimentos marcaram esse espaço no dia de hoje.
Por um lado, a decisão da Presidente argentina de ir até às últimas consequências na expropriação de 51% do capital da YPF controlada pela Repsol abre uma caixa de pandora de possíveis retaliações, tudo o que o governo espanhol provavelmente não desejaria na situação atual. Sob o fogo da incerteza da crise das dívidas soberanas e com os yields da dívida espanhola de novo a galope, o dossier Repsol-Argentina corre o risco de retirar a energia necessária para enfrentar a dura situação determinada pela não resolvida pressão sobre a zona euro.
Por outro lado, na sequência de uma chamada de atenção já aqui realizada há algum tempo, o alcalde de Santiago de Compostela, aposta pessoal de Feijóo nas últimas bem sucedidas eleições locais na Galiza para o PP, não aguentou a pressão determinada pela sua situação fiscal. Os contornos do caso justificam que se diga que Conde Roa é o primeiro líder local a ser vítima em Espanha da desalavancagem penosa a que o setor privado espanhol vai ser submetido na sequência do eclodir da sua bolha imobiliária. O alcalde Roa, promotor imobiliário, tinha recebido rigorosamente o IVA inerente à venda creio que de 60 fogos mas não o tinha declarado ao fisco, para tentar minimizar uma complicada situação financeira pessoal. Do El País: “Com efeito, tal como o descreveu o Presidente da Xunta, o alcalde de Santiago sofre em causa própria os efeitos do rebentamento da bolha imobiliária, de que tirou partido de forma desmesurada durante os anos de vacas gordas através da empresa Geslander Proyectos de Edificación, de que é o único proprietário e administrador. Agora não deve apenas os 291000 euros que a Hacienda reclama por não declarar o IVA que cobrou aos compradores das vivendas que comercializou e que determinaram a sua indicação como incorrendo em alegado delito de fraude fiscal. Conde Roa junta essa dívida a uma situação deficitária de mais de 7 milhões de euros, a maior parte a entidades financeiras, de acordo com um relatório pericial em poder da Audiencia Provicial de A Coruña”.
Este facto, e só por isso aqui o menciono, é particularmente ilustrativo do tipo de situação financeira em que se encontra o país vizinho e da desalavancagem que a dívida privada espanhola irá determinar. E revela também uma espantosa pontaria política na indicação de uma personalidade para liderar um dos mais carismáticos ayuntamientos galegos.
Há dias e situações que políticos como Rajoy e Feijóo não gostariam de ter vivido, ainda por cima sob a mira de uma descontrolada pressão de mercados. A escolha de personalidades ainda se pode controlar, aconselhando-se um check up financeiro antes de confirmar convites. Mas escolher o momento certo para governar é bem mais difícil nos tempos que correm.

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