A comunicação social tem estado a anunciar que o Governo pretende vir a criar uma taxa de saúde e segurança alimentar, a pagar pelos estabelecimentos de comércio alimentar por grosso e a retalho e cujo produto reverterá a favor de um fundo de ajuda aos produtores (tendo por objetivos, designadamente, "compensar os produtores, no quadro da prevenção e erradicação das doenças dos animais e das plantas, bem como das infestações por parasitas", "apoiar as explorações pecuárias" e "incentivar o desenvolvimento da qualidade dos produtos agrícolas").
A iniciativa é do Ministério da Agricultura, do Ambiente e do Ordenamento do Território e da ministra Assunção Cristas (acima caricaturada por Fernão Campos em http://ositiodosdesenhos.blogspot.com), devendo ser aprovado no Conselho de Ministros de amanhã o respetivo decreto-lei. Sendo ainda que, de acordo com as informações disponíveis, o diploma determina como casos de isenção do pagamento da taxa os "estabelecimentos com uma área de venda inferior a 400 metros quadrados ou pertencentes a microempresas, desde que não pertençam a uma empresa que utilize uma ou mais insígnias ou esteja integrada num grupo, e que disponham, a nível nacional, de uma área de venda acumulada igual ou superior a 2.000 metros quadrados".
Tomando-a pelo seu valor facial, parece-me inquestionável a bondade e o sentido reformista desta proposta legislativa. Contanto que não venha a dar lugar a apropriações indevidas por parte das Finanças, a permitir interferências limitativas da Autoridade da Concorrência – aliás desaparecida em combate – ou a ser sujeita a encolhas decorrentes da movimentação dos poderosos lóbis que atuam no setor.
Já existem indícios neste sentido menos desejável, sobretudo no tocante à reação da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) que veio tornar pública a “posição setorial da grande distribuição” de “não concordância”, considerando que o setor “já está altamente sujeito a uma carga fiscal elevada” e se encontra “debaixo de uma grande pressão”, que “na presente situação económica e conjuntura é inoportuno estarmos a criar mais uma taxa” e que “não haverá alternativas a não ser refletir no preço final dos bens alimentares e afetar o consumidor, numa altura em que já está particularmente fragilizado no seu poder de compra”. A ministra, por seu lado, veio hoje declarar que a taxa a aplicar vai ser “pequena”.
Veremos…
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