O Eurostat divulgou há dias os números oficiais de 2011 para a Zona Euro (e, também, para os restantes países da União) relativos a três variáveis-chave (e, também, a algumas especificações das mesmas): défice público, dívida pública e produto interno bruto a preços de mercado (nominal). Abaixo junto três gráficos que elaborei com base em tais dados e que se me afiguram uma boa fotografia da situação existente e um bom coadjuvante de análise para quem se interessar por estas questões. Sobretudo na linha de uma matemática cada vez mais limitada à subtração (como bem evidencia a ilustração de Erlich no “El País”).
Primeiro: o défice público em
percentagem do PIB para cada um dos 17 Estados membros e para o conjunto da
Zona, respetivamente em 2011 (losangos a azul) e em termos de evolução entre o
ano de maior expressão expansionista (2009) e a atualidade (quadrados a
vermelho). Dois breves comentários: (i) a Grécia e Portugal surgem como os dos
países em que as políticas de austeridade levadas a cabo mais se traduziram em
redução de défice; (ii) o défice público português está hoje próximo do da
média da Zona Euro, existindo 8 países com situações de “despesismo” mais
gravosas do que a nossa.
Segundo: a dívida pública em percentagem
do PIB para cada um dos 17 Estados membros e para o conjunto da Zona,
respetivamente em 2011 (losangos a azul) e em termos de evolução entre 2009 e a
atualidade (quadrados a vermelho). Dois breves comentários: (i) todos os países
(exceto a Estónia) registam degradações do peso da dívida pública no produto,
largamente menos em virtude de um continuado endividamento do que por contração
do crescimento económico; (ii) os três países sob intervenção destacam-se (a
par de Itália e Bélgica) pelo nível mais elevado desse rácio e como aqueles
cujo aumento do mesmo é mais significativo.
Terceiro: a comparação, para o período
2009-2011, entre o comportamento do défice público em percentagem do PIB (colunas
a azul) e a variação nominal do PIB (colunas a vermelho) para cada um dos 17
Estados membros e para o conjunto da Zona. Dois breves comentários: (i) a
comparação assim efetuada permite um contraponto (embora não rigoroso) entre a
intensidade da austeridade e a dimensão do crescimento que lhe subjaz; (ii) os
três países sob intervenção (e a Espanha, em menor medida) destacam-se por
serem aqueles cujo desempenho em termos de crescimento ficou aquém do esforço
de contenção orçamental realizado.
Tudo perfeitamente normal e em perfeita convergência
com muito do que aqui se tem defendido: reduzir os défices públicos é apenas
uma pequena parte da solução, a austeridade sem crescimento gera mais endividamento
e austeridade, mas o círculo vicioso prossegue a sua marcha triunfal…
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