quinta-feira, 26 de abril de 2012

AUSTERIDADE E CRESCIMENTO: EVIDÊNCIAS


O Eurostat divulgou há dias os números oficiais de 2011 para a Zona Euro (e, também, para os restantes países da União) relativos a três variáveis-chave (e, também, a algumas especificações das mesmas): défice público, dívida pública e produto interno bruto a preços de mercado (nominal). Abaixo junto três gráficos que elaborei com base em tais dados e que se me afiguram uma boa fotografia da situação existente e um bom coadjuvante de análise para quem se interessar por estas questões. Sobretudo na linha de uma matemática cada vez mais limitada à subtração (como bem evidencia a ilustração de Erlich no “El País”).



Primeiro: o défice público em percentagem do PIB para cada um dos 17 Estados membros e para o conjunto da Zona, respetivamente em 2011 (losangos a azul) e em termos de evolução entre o ano de maior expressão expansionista (2009) e a atualidade (quadrados a vermelho). Dois breves comentários: (i) a Grécia e Portugal surgem como os dos países em que as políticas de austeridade levadas a cabo mais se traduziram em redução de défice; (ii) o défice público português está hoje próximo do da média da Zona Euro, existindo 8 países com situações de “despesismo” mais gravosas do que a nossa.



Segundo: a dívida pública em percentagem do PIB para cada um dos 17 Estados membros e para o conjunto da Zona, respetivamente em 2011 (losangos a azul) e em termos de evolução entre 2009 e a atualidade (quadrados a vermelho). Dois breves comentários: (i) todos os países (exceto a Estónia) registam degradações do peso da dívida pública no produto, largamente menos em virtude de um continuado endividamento do que por contração do crescimento económico; (ii) os três países sob intervenção destacam-se (a par de Itália e Bélgica) pelo nível mais elevado desse rácio e como aqueles cujo aumento do mesmo é mais significativo.


Terceiro: a comparação, para o período 2009-2011, entre o comportamento do défice público em percentagem do PIB (colunas a azul) e a variação nominal do PIB (colunas a vermelho) para cada um dos 17 Estados membros e para o conjunto da Zona. Dois breves comentários: (i) a comparação assim efetuada permite um contraponto (embora não rigoroso) entre a intensidade da austeridade e a dimensão do crescimento que lhe subjaz; (ii) os três países sob intervenção (e a Espanha, em menor medida) destacam-se por serem aqueles cujo desempenho em termos de crescimento ficou aquém do esforço de contenção orçamental realizado.


Tudo perfeitamente normal e em perfeita convergência com muito do que aqui se tem defendido: reduzir os défices públicos é apenas uma pequena parte da solução, a austeridade sem crescimento gera mais endividamento e austeridade, mas o círculo vicioso prossegue a sua marcha triunfal…

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