São até certo ponto compreensíveis as palavras de Manuel Alegre (acima caricaturado em http://hortadozorate.blogspot.pt e por Cesarina Silva em http://animauvivo.blogs.sapo.pt) quanto a estar satisfeito por não ter sido eleito nas últimas eleições presidenciais. Sobretudo quando afirma: “é muito penoso, para não dizer intolerável, assistir à vinda periódica de três funcionários de pasta na mão para dizer a este velho país o que tem de fazer”; o que o leva a desabafar: “Sempre que vejo [os funcionários da troika] dou graças não ter sido eleito Presidente, porque não suportaria tamanha humilhação”. Quando os países se transformam em protetorados (imagem do próprio), é afinal um forte ataque à democracia que está em causa…
Só que Alegre esteve sempre presente enquanto desabrochavam as condições permissivas deste desfecho. Sobretudo à medida que a chamada “Terceira Via foi ganhando terreno no PS português” e que o socialismo democrático capitulava e se deixava colonizar (termos do próprio) perante “a hegemonia ideológica da ‘nova direita’, tornando-se assim cada vez menos diferente dela”. O que andou a fazer e a dizer Alegre naqueles vinte anos que mediaram entre o momento em que o PS abandonou o poder em 1985 e o momento em que decidiu candidatar-se a seu secretário-geral em 2005? Que fácil é falar do resultado do jogo e das respetivas incidências após o árbitro ter apitado para o dar por terminado!
Sem comentários:
Enviar um comentário