“Defraudar a força de trabalho de amanhã para pagar a bolha imobiliária de ontem não tem sentido económico”, assim se refere o recente editorial “An Overdose of Pain” do “New York Times” à situação que a Espanha está a viver. O texto sustenta a tese de que, possuindo “um dos mais baixos níveis de dívida pública da Europa”, a Espanha tem sobretudo que lidar com um problema de dívida privada decorrente do rebentamento da bolha imobiliária, dos seus reflexos no setor bancário e dos consequentes envolvimentos de apoio público.
Além disso, o texto posiciona-se ainda muito criticamente em relação à “obsessão de Merkel e da UE pelo défice” e considera que tal “pode afundar a Espanha” (cartoon de Ruben L. Oppenheimer em “NRC Handelsblad”, Roterdão, http://www.nrc.nl). Explicitando: “Não tem que resultar assim [Espanha como próxima economia europeia derrubada]. Mas seguramente ocorrerá, a menos que a chanceler Angela Merkel e os seus aliados políticos dentro e fora da Alemanha reconheçam que nenhum país pode pagar as suas dívidas sufocando o seu crescimento económico”. Ou ainda, e conclusivamente: “Poderiam evitar-se [cortes prejudiciais] se Merkel e os seus mal informados sócios reconhecessem finalmente que, para restaurar a competitividade do debilitado sul da Europa, se necessita de mais investimento em reformas e crescimento e de menos enfoque obsessivo no défice aritmético a curto prazo”.
Mais uma pequena acha de além-Atlântico para a fogueira do dogmatismo ideológico e da insensibilidade social...
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