quinta-feira, 19 de abril de 2012

ISTO NÃO É MITOLOGIA GREGA!

A infeliz Grécia, caída sob o jugo da invasiva “troika” que lhe foi imposta (acima caricaturada por Mayk no “Sydsvenska Dagbladet” de Malmö, http://www.sydsvenskan.se), vai a votos no próximo dia 6 de Maio (coincidindo, curiosamente, com a segunda volta das presidenciais francesas!). As sondagens existentes indicam uma previsível modificação de monta numa situação política do país doravante completamente fragmentada. O que o gráfico acima visivelmente elucida – compare-se, nomeadamente, a significativa bipolarização partidária registada nas eleições realizadas em 2009 (a vermelho) com a dispersão esperada para 2012 segundo a média das três últimas sondagens divulgadas (a azul) – e seguidamente se sintetiza em breves tópicos:

· o partido conservador “Nova Democracia” (Antonis Samaras), que esteve fortemente implicado nos incidentes associados à alegada viciação do défice público, é dado como vencedor mas apenas detém entre 19 e 25% das intenções de voto (33,5% nas eleições de 2009, em que fora segundo);

· o partido socialista “PASOK” (Evangelos Venizelos, ex-ministro das Finanças de Papandreou), vencedor em 2009 com 43,9%, cai para valores em torno dos 15%;

· o somatório destes dois partidos moderados e constitutivos do arco tradicional do poder (251 dos 300 lugares parlamentares em 2009) esfuma-se agora para um valor que não ultrapassará os 40% do total de votos;

· à esquerda do PASOK estão agora três partidos reforçados e que repartem equilibradamente entre si cerca de um terço da expressão eleitoral prevista (12,1% em 2009), com a coligação da esquerda radical como terceira força (“SYRIZA”) à frente dos comunistas (“KKE”) e da esquerda democrática (“DIMAR”);

· à direita da ND estão agora mais de 21% dos votantes (5,6% em 2009), com destaque para os 9 a 11% da combativa direita anti-austeridade dos chamados “gregos independentes” (“ANEL”) e para os 5-6% da extrema-direita (“Alvorada Dourada”, vulgo “XA”) e uma menor significância da histórica direita populista (“LAOS”) e dos liberais (“DISY”);

· situa-se entre 25 e 30% o somatório de votos estimados para os novos partidos entretanto surgidos ou sem qualquer representação parlamentar anterior, enquanto já ronda os 50% o total de cidadãos que se poderão vir a inclinar para forças radicais ou de protesto (as três à esquerda do PASOK, as duas menos convencionais à direita da ND e os “Verdes”).

Tudo se conjuga, pois, para a próxima chegada de tempos dominados por mais e maior confrontação nas ruas de Atenas. Sob lideranças com nomes a fixar, como sejam os de Aleka Papariga (KKE) – defensora de “uma aliança popular militante, que seja mais forte e militante do que o que temos visto até agora, e que consiga inverter as novas medidas que vão ser implementadas" –, Alexis Tsipras (presidente do maior partido da coligação SYRIZA, o “Synaspismós”) – “o povo tem ainda um enorme poder negocial” – e
Panos Kammenos (ANEL) - "quem deveria ter cometido suicídio há muito tempo são os políticos que sabidamente decidiram levar este país e seu povo a este estado de coisas".

Como refere o cartoon de Georgopalis Dimitris (
http://www.cartoonists.gr), “we are all Greeks now”! Façamos então figas para que esta Europa não acabe por ainda se desfazer em mais pedaços…

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