Uma boa entrevista de Dilma Rousseff à “Veja”. Perguntada sobre em que momentos percebe que faz diferença ser uma mulher na Presidência, responde brincando: “Quando eu acordo de manhã e me vejo no espelho”. Mais seriamente, e a propósito de um tema candente ao longo do último ano e recentemente regressado à ribalta – a por alguns analistas e responsáveis designada “guerra cambial” com que o Brasil tem sido atingido –, explica a posição oficial nos termos que seguem.
“Não acho adequado ver o fenómeno do tsunami de liquidez que foi criado como uma agressão proposital às demais nações. Mas a saída que eles encontraram para enfrentar seus problemas é uma maneira clássica, conhecida, de exportar a crise. Quando o companheiro Mario Draghi [economista italiano presidente do Banco Central Europeu] diz ‘vamos botar a maquininha que faz dinheiro para rodar’, ele está inundando os mercados com dinheiro. E o que fazem os investidores? Ora, eles tomam empréstimos a juros baixíssimos, em alguns casos até negativos, nos países europeus e correm para o Brasil para aproveitar o que os especialistas chamam de arbitragem, que, grosso modo, é a diferença entre as taxas de juros praticadas lá e aqui. Eles ganham à nossa custa. Então, o Brasil não pode ficar paralisado diante disso. Temos de agir. Temos de agir nos defendendo – o que é algo bastante diferente de protecionismo.”
Concretizando: “O que estamos fazendo, e vamos continuar fazendo, é contrabalançar com medidas defensivas as pressões desestabilizadoras externas que estão carreando para o Brasil quantidades excessivas de capital especulativo. Quando o panorama externo mudar para melhor, nós saberemos que chegou a hora de revogar as barreiras momentâneas que foram criadas.”
E, num assomo de afirmação e confiança, acrescentando: “O Brasil está em uma situação agora em que podemos dizer aos países ricos que não queremos o dinheiro deles. Não queremos pagar os juros de 13% por empréstimos que eles nos oferecem. (…) Eu disse isso com toda a clareza à chanceler Angela Merkel durante minha visita à Alemanha. Aqui se noticiou que eu estava querendo dar lições à Alemanha. Não foi nada disso. Eu quis deixar claro que o Brasil não quer mais ser visto como destinação de capital especulativo ou apenas como mercado consumidor dos produtos que eles exportam. (…) Disse a ela que o Brasil quer muito atrair empresas alemãs de tecnologia de ponta. Disse que essas empresas são bem-vindas ao Brasil e, uma vez instaladas aqui, com transferência de tecnologia e criação de empregos, serão tratadas como empresas nacionais, com acesso ao crédito e outras facilidades concedidas às empresas nacionais.”
O Brasil num bom momento. Uma estabilidade que já vai em quinto mandato presidencial. Faz tempo, pois! E Dilma, beneficiando de 77% de aprovação dos seus concidadãos e realizando périplos internacionais sucessivos e relevantes, esta semana de visita a Obama. Parece que pegou de estaca…
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